O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da suplementação da metionina e da taurina em dietas ricas em proteína de origem vegetal para corvinas (Argyrosomus regius) sobre o desempenho produtivo, composição corporal e do figado, metabolismo intermediário do fídago, defesa antioxidante, digestibilidade de nutrientes, metabolitos plasmáticos, conteúdo total de ácido biliar e atividade das enzimas digestivas. Para tanto, dois ensaios foram realizados em sequência. Um ensaio de crescimento com duração de 65 dias foi conduzido utilizando 180 juvenis de corvina (50.0 ± 0,60g). Os peixes foram distribuídos aleatoriamente em 12 tanques (300 litros cada). Quatro dietas isoenergéticas (20.0 MJ kg-1) e isoproteicas (420 g kg-1) foram formuladas para conter 82% de proteína de origem vegetal. A metionina foi suplementada a 0.0 e 2.6 g kg- 1da dieta e a taurina a 0.0 e 10.0 g kg-1 da dieta em um esquema fatorial 2x2. Após a amostragem do ensaio de crescimento, os peixes remanescentes foram utilizados no ensaio de digestibilidade in vivo com duração de 24 dias. Setenta e dois juvenis de corvina (103 ± 21,2g) foram distribuídos aleatoriamente em 12 tanques (60 litros cada) projetados de acordo com o sistema Guelph. O óxido de cromio foi adicionado às dietas utilizadas no ensaio de crescimento como marcador externo. A suplementação de taurina melhorou todos os parâmetros de crescimento avaliados (P <0,05), diferentemente da metionina. A atividade enzimática das enzimas chave do catabolismo de aminoácidos e da gliconeogênese aumentaram em resposta a suplementação de taurina (P<0.05). A suplementação com metionina aumentou a digestibilidade da matéria seca, da proteína, dos lipídios e da energia da dieta. A taurina, por outro lado, aumentou apenas a digestibilidade dos lipídios. A suplementação com metionina não afetou os parâmetros plasmáticos avaliados. No entanto, a suplementação de taurina aumentou o conteúdo de colesterol (P <0,001) e proteína total (P <0,05) dobrando a concentração de triglicerídeos (P <0,001). O teor de ácido biliar total proveniente da digesta do intestino anterior aumentou com suplementação de taurina que, também aumentou o teor total de ácido biliar no plasma. A suplementação de taurina aumentou a atividade da lipase (P <0,01), enquanto que a metionina quando não suplementada com taurina diminuiu sua atividade (P <0,05). Também foi observada interação entre os aminoácidos suplementados sobre o status oxidativo. A atividade intestinal da glicose-6-fosfato desidrogenase foi maior quando suplementada com taurina a 2,6 g kg-1 de metionina (P <0,05) e, a peroxidação lipídica hepática diminuiu quando a taurina e a metionina foram suplementadas juntas (P <0,05). A suplementação apenas com taurina também aumentou a atividade hepática da glicose-6-fosfato desidrogenase e da glutationa peroxidase além de diminuir a atividade da catalase. Estes resultados implicam que a suplementação de taurina e metionina a dietas ricas em proteínas vegetais pode ser boa estratégia nutricional para mitigar algumas das limitações do uso de altos níveis de ingredientes vegetais em dietas para corvina (Argyrosomus regius), um peixe estritamente carnívoro. Ao aumentar a digestibilidade dos nutrientes e melhorar o aparato de defesa antioxidante, os aminoácidos apresentaram interação benéfica. A suplementação individual de taurina também se mostrou como boa estratégia nutricional, uma vez que melhorou os parâmetros de crescimento, foi capaz de restaurar a produção de ácido biliar melhorando também o status oxidativo do peixe. Assim, a taurina pode ser classificada não só um aminoácido condicionalmente essencial em dietas ricas em proteínas vegetais, como também um aminoácido funcional provando ser boa estratégia para o desenvolvimento de dietas aquícolas sustentáveis.