GOMES, I. S. Teste pré-clínico em doença renal crônica canina, com o uso de célulastronco
amnióticas. 2017. 59p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Zootecnia e
Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2017.
A doença renal crônica (DRC) é uma afecção frequente em cães idosos, de alta morbidade e
mortalidade, sendo definida como uma injúria renal morfo-funcional irreversível, de um ou
ambos os rins, que está intrinsecamente associada à degeneração celular. Seu tratamento é
paliativo, sendo que nos estágios mais avançados, o animal pode necessitar de hemodiálise ou
transplante renal, prática dificultada e muitas vezes inviável na medicina veterinária. As
células-tronco mesenquimais derivadas do tecido amniótico caracterizam-se por ser uma
população de células de alta plasticidade e de grande potencial imunomodulador, sendo
capazes de se diferenciar e produzir diferentes tipos celulares necessários num processo de
reparação. Os avanços nos estudos das células-tronco podem tornar a terapia celular uma
forma viável de tratamento alternativo ou adjuvante dessa doença, uma vez que estas
poderiam restaurar a funcionalidade e manter a integridade do rim. O objetivo deste estudo foi
avaliar se o tratamento experimental com células-tronco mesenquimais derivadas do âmnio
(CTMAs) canino podem reduzir ou estabilizar a taxa de progressão e o quadro clínico da
DRC em cães. Para tanto, células-tronco provenientes da membrana amniótica foram
cultivadas até a segunda passagem (P2) e criopreservadas para posterior aplicação. Onze cães
domésticos, machos e/ou fêmeas, acometidos pela DRC adquirida em graus II ou III segundo
classificação da IRIS e sem outra afecção adjacente receberam duas aplicações de CTMAs
nos dias D0 e D30, por via endovenosa. Para avaliar a progressão ou estabilização do quadro
clínico foram colhidas amostras de sangue total, soro sanguíneo e urina para exames de
hemograma, bioquímica sérica e urinaria e urinálise em quatro momentos: D0, D7, D30 e
D60. A análise estatística foi realizada através da aplicação do teste ANOVA, para
comparação de médias nas diferentes fases de tratamento, seguida pelo teste de Tukey, para
comparação das médias entre os grupos. Do ponto de vista clínico, dois animais apresentaram
melhora e se mantiveram estáveis durante todo o período de acompanhamento, dois animais
apresentaram melhora nos primeiros 30 dias, apresentando novamente sintomatologia da
doença após esse período e os demais apresentaram melhora nos primeiros sete dias de
tratamento, havendo uma piora geral do quadro após esse período. Contudo, os exames
laboratoriais em todos os casos não revelaram uma melhora significativa com o tratamento.
Aparentemente, a utilização de células-tronco de origem amniótica não influencia de forma
relevante na melhora da doença devido à extensa lesão renal que cães apresentam.