Essa pesquisa foi conduzida com o objetivo de avaliar os parâmetros parasitológicos e sanguíneos de ovinos infectados experimentalmente com Haemonchus contortus tratados com extrato aquoso (EA) das folhas de “manga ubá” (Mangifera indica L., var. “ubá”), assim como, avaliar a influência do feno triturado das folhas para borregas desmamadas antes e após a infecção com esse nematódeo. No primeiro experimento foram avaliadas coproculturas quantitativas com sete tratamentos e cinco repetições: fosfato de levamisol (0,3 mg/g), controle (H2O destilada) e cinco concentrações do EA entre 1,81 - 29,1 mg/g. In vivo foi avaliada a ação anti-helmíntica do EA de M. indica em cordeiros Santa Inês, divididos em dois grupos homogêneos contendo 10 animais cada, sendo um grupo tratado com o EA da mangueira a 0,601 g/kg/PC e outro não tratado. Foram realizadas coletas de sangue para análise dos parâmetros hematológicos e bioquímicos séricos. Amostras de sangue foram coletadas nos dias 0, 7, 14, 21 e 28 do experimento. Observaram-se eficácias entre 42,5 a 88,7% para inibição do desenvolvimento larval, diferindo estatisticamente do tratamento com água destilada, e constatou-se dose dependência (p<0,05). No teste in vivo o EA apresentou eficácia de 41,8% para redução de ovos nas fezes após 28 dias do tratamento. No segundo experimento as folhas da planta desidratadas e moídas foram incluídas na dieta de borregas mestiças Santa Inês x Dorper, tratadas inicialmente com Albendazol para eliminar infecção com nematódeos. Os animais foram divididos em grupos homogêneos, um alimentado com o feno das folhas da mangueira e o outro não. As borregas foram confinadas em baias individuais com piso de areia e receberam dieta para crescimento contendo 50% de volumoso e 50% de concentrado. As borregas tratadas receberam o feno triturado na proporção 5g/kg de peso corporal (PC) em substituição a silagem de sorgo. O crescimento, consumo alimentar (CA) e desempenho foram avaliados semanalmente e os animais foram inspecionados para verificar possíveis alterações clínicas ou comportamentais. Uma vez por semana as borregas foram pesadas em balança digital e avaliou-se o consumo alimentar e para cada período foram avaliadas as medidas morfométricas. No 21º dia do experimento, os animais de ambos os grupos foram inoculados com 800 larvas infectantes de H. contortus/kg de PC. O feno das folhas da mangueira foi fornecido até os 35o, antes que os nematódeos completassem a maturidade sexual no abomaso. Para análise dos parâmetros hematológicos, foram realizadas três coletas em cada animal referentes ao período um (antes dos animais começarem a receber a dieta contendo as folhas durante o período de adaptação, dia -14), período dois (os animais estavam recebendo o tratamento e não estavam infectados, dia 7) e período três (final do tratamento e animais já infectados com H. contortus, dia 30). Posteriormente as fezes foram coletadas nos dias 42, 44, 46 e 48 dias para quantificação do número de ovos por grama de fezes (OPG) pela técnica de Mc-Master. O experimento foi conduzido em delineamento em parcelas subdivididas (dois tratamentos x dois períodos) com oito repetições. As médias foram comparadas utilizando o teste de Scott-Knott a 5% de significância. Quanto ao segundo
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experimento, o ganho de peso corporal foi menor no segundo período para ambos os grupos de borregas desmamadas, período que estavam infectadas. Não houve diferença na CA entre os grupos de animais e entre os períodos avaliados. No segundo período as borregas infectas e tratadas com o FFM apresentaram EA superior ao grupo não tratado. Não constatou-se diferenças significativas entre as médias do OPG para os grupos de borregas e para os dias avaliados. Entretanto, verificou-se interação significativa dos tratamentos e períodos avaliados para as contagens de eosinófilos, que apresentaram concentrações superiores no grupo tratado nos dois últimos períodos avaliados. Concluiu-se que a administração do EA de “manga ubá” reduz OPG animais infectados após 21 dias do tratamento e promove melhor escore de Famacha© e concentrações de eritrócitos, hemoglobina, hematócrito e β-globulinas superiores em relação ao grupo controle. Adicionalmente, a utilização do feno triturado das folhas de M. indica na alimentação de cordeiros desmamados apresentou se como uma alternativa viável, já que não comprometeu o desempenho e melhorou a EA quando os animais estavam infectados com H. contortus.