O estresse causado pelo calor influencia a fisiologia da fêmea causando modificações placentárias que interferem no desenvolvimento fetal e no desempenho dos cabritos. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do estresse térmico durante o terço final da gestação sobre a placenta de cabras da raça Saanen, as respostas termorregulatórias e desempenho dos cabritos. Neste projeto de pesquisa foram utilizadas 47 cabras Saanen no terço final da gestação, onde 24 animais foram submetidos ao estresse por calor na câmara climática (tratamento estresse térmico – ET) e 23 cabras permaneceram em ambiente de termoneutralidade (tratamento controle – CT). O experimento foi organizado em 3 fases distintas: gestação, parto e desenvolvimento dos cabritos. Em cada fase os animais foram acompanhados diariamente e colhidas amostras de sangue quinzenalmente para obtenção do plasma para dosagem de cortisol e separação da camada leucocitária para realização da expressão gênica. Os partos de todas as cabras Saanen foram assistidos, sendo colhidas amostras do líquido amniótico e placenta, da qual foi colhido o tecido placentário para realização da análise histológica e expressão gênica das HSPs 27, 70 e 90 e da enzima 11β-HSD tipo 1 e tipo 2, CRH e ACTH-R. No nascimento, foi realizado o escore APGAR dos cabritos nos tempos 0 e 15 minutos de vida e avaliações do comportamentos materno-filiais até os 60 minutos pós-nascimento. Os cabritos de ambos tratamentos foram pesados semanalmente e acompanhados do nascimento até o desmame aos 60 dias. As concentrações de cortisol no líquido amniótico das cabras do tratamento ET (39,42 ± 1,3 ng/mL) foram significativamente maiores que o tratamento CT (31,87 ± 2,04 ng/mL) e o inverso ocorreu para a concentração plasmática dos cabritos no nascimento que foram significativamente maiores para o tratamento CT (94,83 ± 5,49 ng/mL) que para o ET (70,20 ± 5,41 ng/mL). O estresse térmico causou redução significativa na eficiência placentária das cabras ET (9,98 ± 0,41) quando comparada as cabras CT (13,06 ± 2,16), também houve redução significativa na expressão da enzima 11b-HSD tipo 2 no tecido placentário das cabras ET (4,16 ± 1,79) e aumento na expressão do ACTH-R (9,4 ± 1,00) quando comparadas ao tecido placentário das cabras CT (25,06 ± 3,85 e 3,44 ± 1,00, respectivamente). Como forma de proteção celular a HSP 70 foi mais expressa na placenta das cabras ET (5,44 ± 0,46) que das cabras CT (3,05 ± 0,64). Os cabritos ET apresentaram maior mobilização dos mecanismos termorregulatórios que os cabritos do tratamento CT. Houve diferença no peso dos cabritos CT (3,97±0,07 Kg) e ET (3,71±0,07 Kg) aos 8 dias de vida. No entanto, o tratamento térmico não influenciou o peso ao desmame. Em conclusão, o estresse térmico no terço final de gestação de cabras Saanen causou alterações placentárias significativas, influenciou a resposta termorregulatórias dos cabritos, mas não alterou o desempenho da prole.