O presente estudo investigou o efeito do extrato padronizado de Ginkgo biloba (EGb) nas distintas etapas da memória do medo condicionado e da extinção da memória do medo. A proposta foi fundamentanda em esquemas de múltiplas doses do extrato, diferentes tempos de tratamento (aquisição e evocação) e intervenções farmacológicas, por meio de agonistas e antagonistas dos receptores serotoninérgicos do tipo 1A (5-HT1AR), glutamatérgicos do tipo NMDA, subunidade 2B (GluN2B-NMDA) e GABAérgicos do tipo GABAA (GABAAR, subunidade α1 e α5) em animais submetidos ao paradigma de medo condicionado, avaliado pela taxa de supressão condicionada da resposta de lamber. Ainda, avaliamos as mudanças na expressão do produto gêncio (mRNA e proteína) em na formação hipocampal dorsal, complexo amigdaloide e córtex pré-frontal. Os dados comportamentais sugerem um efeito dependente do tempo de administração e da dose do EGb na modulação dos receptores 5-HT1A, GABAA e GluN2B-NMDA bem como a proteína ácida fibrilar glial (GFAP). Ainda, dados nos possibilitam propor o efeito do EGb como agente nootrópico pois, além de não impedir a aquisição e a extinção, o seu uso favorece a evocação da memória de supressão condicionada, sugerindo seu uso em tratamentos de declínio de memória. Adicionalmente, nossos resultados mostram, pela primeira vez, que o efeito menemônico do EGb é decorrente da expressão diferencial dos receptores GluN2B-NMDA, GABAA-α1, GABAA-α5 e de GFAP na formação hipocampal dorsal (FHD) e de 5-HT1AR na camada CA3 do hipocampo e mostraram, ainda, que tanto a ativação de GABAARs (Diazepam) ou o bloqueio farmacológico de GluN2B-NMDAR (Ro 25-6981) ou de 5-HT1AR ((S)-WAY100135) resultou em prejuízo na memória, e que o tratamento com altas doses de EGb reverteu o déficit através do aumento da expressão de GluN2B e/ou de GABAAR-α1 e α5 simultaneamente na região CA1 do hipocampo. Nossos dados adicionam novos conhecimentos sobre o papel das subunidades α1 e α5 dos receptores GABAA e de GluN2B-NMDA na FHD como um alvo do EGb. Também descrevem o envolvimento dos receptores GluN2B-NMDA e GABAAR α1 no córtex prélimbico (PrL) na aquisição da supressão condicionada, onde o prejuízo verificado na aquisição foi associado com redução na expressão desses receptores no PrL. Os dados mostram pela primeira vez que o tratamento com EGb resultou na expressão de GluN2B-NMDAR em astrócitos no PrL. Entretanto, quando avaliamos o efeito do tratamento com EGb após bloqueio dos receptores em estudo, antes do condicionamento ou antes do treino da extinção, verificamos que o tratamento com Ro25-6981, impediu a recuperação espontânea (reaparecimento) da memória do medo relatada para EGb 1.0 g.Kg-1. Entretanto, o tratamento com (S)-WAY 100135 ou Picrotoxina (antagonista seletivo para GABAA) antes do treino da extinção, impediu os efeitos de EGb (0.25 ou 1.0 g.Kg-1). Os achados comportamentais foram associados à redução na expressão relativa de Gabra1 e Gfap e aumento de Gabra5 na FHD, sugerindo que o aumento da expressão de Gabra5 parece estar associada a um prejuízo na extinção. Ainda, no CPF a regulação desses receptores parece ocorrer de forma oposta ao verificado na FHD. O tratamento com antagonistas Ro 25-6981 e (S)-WAY 100135 evidenciou que os efeitos do tratamento com EGb na extinção da memória do medo parece ser associado a um aumento da expressão de Gabra1 no CPF. Os dados de expressão gênica no complexo amigdaloide corroboram com achadoa anteriore sobre os efeitos do EGb, os quais parecem ser mutialvos e depedem da interação entre os receptores de maneira dependente da dose. Ainda, que a recuperação espontânea da memória do medo parece não estar associada as modificações da expressão de GluN2B-NMDA, GABAA-α1, GABAA-α5, 5-HT1AR e GFAP no complexo amigdaloide. Entretanto, o EGb modula diferencialmente a expressão de proteínas nos núcleos CE e BLA do complexo amigdaloide durante a extinção do medo condicionado e na recuperação espontânea da memória do medo. Em conjunto, nossos dados sugerem que os receptores serotoninérgicos, glutamatérgicos e GABAérgicos analisados neste estudo, bem como os astrócitos são alvos dos efeitos do extrato padronizado de Ginkgo biloba na aquisição e na extinção da supressão condicionada de maneira tecido-dose-tempo-dependente.