Este projeto se propõe a investigar o papel da crença e da fé na cultura organizacional de três grandes empresas de varejo do Brasil, onde, aparentemente, contribuem para motivar seus funcionários a se engajarem em suas respectivas estratégias de negócios. O objetivo é desvendar o significado da ligação dessas categorias com os rituais de treinamento do Magazine Luiza, com o trabalho voluntário desenvolvido por funcionários do Carrefour e com o encantamento de clientes na Lojas Renner. Sustento a tese de que, por meio dessas três portas de entrada da religiosidade, instituiu-se nessas empresas uma ética favorável à criação de um novo espírito do capitalismo de perfil comercial, ancorado na perspectiva teórica de Weber (2007), revisitado por Boltanski e Chiapello (2009). Uma série de fluxos de imagens, valores, símbolos e significados, inclusive religiosos, que constituem as dimensões culturais da globalização, facilitaram a realização de arranjos institucionais, por meio dos quais o capitalismo se reinventou nessas empresas. Para tanto, as semelhanças entre os estudos sobre autoajuda, teologia da prosperidade e práticas cristãs aqui serão focalizados com o objetivo de auxiliar na análise dos dados sobre a religiosidade como fator estruturante de um modus operandi voltado para o “poder da mente”. Este ethos funciona como uma ideologia, segundo à qual, prosperidade e bem-estar social são parte da mesma moeda, ou seja, o lucro. Autores como Appadurai (2006), Balandier (1999), Boltanski e Chiapello (2009), Bourdieu (2005), Geertz (1989), Simmel (2010) e Weber (2004), entre outros, serão referências estruturantes das análises, cujos dados foram produzidos através de uma estratégia multimetodo, ancorada em três estudos de caso. Para isso recorri a observação participante de rituais, no caso do Magazine Luiza especificamente. Realizei também entrevistas com funcionários e executivos das empresas pesquisadas, levantei dados em vários textos, incluindo relatórios, códigos e manuais de conduta e vídeos disponibilizados na website das empresas. Busquei referências também em matérias de revistas e jornais especializados, teses e artigos sobre temas pertinentes ao meu objeto de estudo