Os ruminantes são animais que evoluíram em ambiente de pastagem, com alimentação composta basicamente por forragens. Assim, são menos tolerantes a dietas com alto teor de lipídios, pois estas acarretam modificações nos padrões de fermentação ruminal podendo prejudicar a degradação e absorção dos nutrientes. Entretanto, a nutrição dos animais deve acompanhar as exigências crescentes de altas produções, demandando maior ingestão de energia digestível. A adoção da suplementação lipídica, como forma de elevar a energia da ração, para animais em confinamento tem também a vantagem de não apresentar os inconvenientes distúrbios metabólicos digestivos, frequentemente causados por dietas ricas em amido com alta proporção em grãos. O objetivo desse trabalho foi avaliar in vitro fontes lipídicas na dieta de animais ruminantes. Foram avaliadas três fontes lipídicas (óleo de girassol, milho e soja) em quatro níveis de inclusão (0, 3, 6 e 9% da MS). Dois sistemas in vitro foram usados simultaneamente para avaliar os efeitos das fontes lipídicas e seus níveis de inclusão sobre os parâmetros cinéticos e o perfil de fermentação, sendo um automatizado (ANKON) e um sistema semi-automatizado, onde a produção de gás era mensurada utilizando-se um transdutor de pressão (Data Logger GN200). As concentrações de CH4 e CO2 e foram determinadas por cromatografia gasosa nos tempos de 24 e 48 horas de incubação. A degradabilidade da FDN foi determinada com 96 horas de incubação. Os dados foram analisados considerando delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 × 4, onde o modelo inclui efeito fixo de fonte, nível de inclusão de óleo e a interação fonte de óleo × nível de inclusão. Quando a interação não foi significativa, a comparação das médias foi efetuada pelo teste DMS de Fischer para fonte de óleo e com o uso de polinômios ortogonais para partição específica dos níveis de óleo em ordem linear, quadrática e cubica. A produção total de gás foi afetada pelas fontes de óleo e níveis de inclusão e sua interação (P <0,05). O nível máximo de inclusão de óleo diminuiu a produção total de gás com OS (15,7%), OM (16%) e OG (20%). Os níveis de inclusão, independentemente da fonte lipídica utilizada alterou significativamente a digestibilidade in vitro da FDN (P<0,05), com menor valor observado ao nível de 9%. A concentração de CH4 com 24 horas de incubação foram influenciadas pelas fontes lipídicas (P<0,05), com médias 2,19; 1,77 e 3,39 mL/L para OG, OM e OS. A inclusão de 6% ou mais das fontes testadas resulta numa baixa produção de gás e
digestibilidade da FDN. Entretanto, a inclusão de lipídios à dieta de ruminantes afim de se modificar o ambiente ruminal parece ser um método promissor pelo qual a produção de bovinos à pasto pode reduzir sua contribuição para emissões de GEE.