Estudo exploratório e observacional que objetivou classificar atividades realizadas por enfermeiros, verificar a ocorrência e os fatores que se correlacionam com interrupções, além de identificar a distância percorrida por estes profissionais durante a prática clÃnica. A amostra foi composta por 25 enfermeiros, do perÃodo diurno, de unidades de cuidados cirúrgicos e intensivos, pediátricas e de adultos, de um hospital universitário da cidade de São Paulo. A coleta de dados ocorreu entre 15 de março de 2012 e 18 de fevereiro de 2013, após aprovação do comitê de ética em pesquisa da instituição (0732/11). Durante as 150 horas de investigação, foram observadas 2.295 atividades, sendo 885 (38,6%) classificadas como de cuidado indireto ao paciente, 516 (22,5%) de cuidado direto ao paciente, 421 (18,3%) relacionadas à gestão da assistência, 244 (10,6%) pessoais e 229 (10,0%) de gestão da unidade. Quanto ao tempo despendido por tipo de atividade, constatou-se que estes profissionais gastaram mais tempo durante o cuidado direto (36,2%). Foram identificadas 719 (31,3%) atividades interrompidas, com média de 1,6 interrupções em uma mesma atividade, totalizando 1.180 ocorrências (7,9 interrupções por hora). Houve maior número de interrupções durante o cuidado indireto (44,7%), as principais fontes foram a equipe de enfermagem (43,3%) e médicos e residentes de medicina (16,5%), sendo necessário maior tempo para resolução das interrupções originadas pela equipe de enfermagem (36,2%) e falta de suprimento (16,4%). Após a ocorrência de interrupções, os enfermeiros não retornaram à atividade interrompida em 13,2% dos casos, sendo necessário realizar de uma a dez atividades antes de retornar à atividade primária. Dentre os fatores que se correlacionam com a ocorrência de interrupção, averiguou-se que profissionais com tempo de formação e trabalho na unidade menor do que cinco anos, assim como aqueles que não realizaram pós-graduação na área de atuação, foram mais interrompidos, sem diferença estatÃstica significativa. O número de indivÃduos presentes na unidade (p=0,002), a proporção de pacientes de unidades de atendimento cirúrgico que requeriam cuidados de alta dependência e semi-intensivo (p=0,017), o número de acompanhantes (p=0,003) e de outros profissionais (p=0,001) tiveram influência linear sobre a ocorrência de interrupções. Ao analisar os dados de locais de atendimento pediátrico (AP) e de atendimento de adultos (AA), notou-se maior número de interrupções no primeiro grupo (p=0,009). Em locais de cuidado cirúrgico (CC) e de cuidado intensivo (CI) identificou-se predomÃnio de interrupções em CC (p=0,078). Nos locais de AP foi evidenciado que o número de pacientes (p=0,002), o número total de indivÃduos na unidade (p=0,002), a proporção de pacientes por enfermeiros (p=0,001) e por auxiliares e técnicos de enfermagem (p=0,003), bem como, maior número de acompanhantes (p<0,001), influenciaram a ocorrência de interrupções. Em AA notou-se maior número de interrupções por outros profissionais de saúde, quanto maior seu número na unidade (p=0,002). Em relação ao deslocamento, os enfermeiros percorreram 260,2 m/h e saÃram com pequena frequência da unidade de origem (2,1%), sendo o principal motivo a falta de suprimento (55,1%). Identificou-se maior distância percorrida quanto maior o número de atividades realizadas (p<0,001), entretanto sem correlação desta variável com o número de interrupções (p=0,508). Conclui-se que houve presença de interrupções em todos os tipos de atividades realizadas pelos enfermeiros investigados, mesmo as que caracterizam como intervenções mais diretamente vinculadas ao cuidado, o que pode comprometer a segurança do paciente.