Dermatófitos são fungos filamentosos queratinofílicos responsáveis por lesões em pele e pelos de animais e seres humanos. Originalmente, sapróbios adaptaram-se ao parasitismo, causando doenças muito comuns nas clinicas humana e veterinária. Os pacientes mais suscetíveis são os que vivem em pequenas comunidades (creches, escolas, etc.) e o nível socioeconômico das populações é fator determinante nessas doenças. O objetivo deste trabalho foi pesquisar fungos dermatófitos em pacientes atendidos em uma instituição beneficente localizada na cidade de Santana de Parnaíba. Foram colhidas amostras clínicas de 164 pacientes, com presença ou não de lesões macroscópicas em couro cabeludo. Os pacientes apresentavam múltiplas deficiências físicas e cognitivas, de idades variadas. As amostras clínicas foram colhidas segundo a técnica de Mariat & Adan-Campos, utilizando quadrados de carpete previamente esterilizados. Todas as amostras colhidas foram refrigeradas e enviadas ao Laboratório de Biologia Molecular e Celular da UNIP dentro de 24 horas. As amostras foram semeadas pressionando-se levemente o carpete sobre uma placa com meio de ágar Mycosel (BD-BBL), a qual foi incubada a 25°C durante o período de quatro semanas. Os fungos isolados foram identificados por suas características morfológicas macro e microscópicas. Não foram observadas lesões cutâneas macroscópicas nos 164 pacientes deste estudo. As amostras clínicas foram obtidas de 67 (40,9%) pacientes do sexo feminino e 97 (59,1%) do sexo masculino, sendo 94 (57,3%) provenientes de crianças de 0-11 anos, 46 (28,0%) de adolescentes de 12-18 anos e 24 (14,6%) de pessoas acima de 18 anos. Isolou-se fungo dermatófito de paciente do sexo feminino com 12 anos de idade, correspondendo a 0,6% (1/164) da população estudada. Por meio das características fenotípicas, o fungo foi identificado como Trichophyton tonsurans. Uma vez que a paciente não apresentava lesões clínicas, agia como portador assintomático, o qual se configura em fonte de infecção para outras pessoas. Constatou-se, nesta pesquisa, baixa prevalência de fungos dermatófitos nos pacientes atendidos na instituição beneficente avaliada. Sugere-se que, mesmo em população de baixo nível socioeconômico, como a que foi aqui avaliada, as dermatofitoses não se configuram em risco individual ou coletivo, se estas pessoas tiverem acesso à assistência educacional, médica e nutricional.