No mundo moderno, com a globalização, há exigência de profissionais cada vez
mais eficientes, atualizados e voltados à realidade do custo-efetividade dos diversos
setores, onde devem ser desenvolvidas atitudes contínuas de aprender a aprender.
Neste cenário, o enfermeiro intensivista tem imbuído em suas atividades diárias o
ensino, a pesquisa, a assistência, a gerência e questões políticas que requerem a
construção contínua de múltiplas competências. Objetivo: Propor a construção de
um perfil de competências para o enfermeiro de terapia intensiva. Método: Estudo
realizado na abordagem qualitativa, tendo como estratégia a metodologia da
pesquisa-ação, cujas técnicas para a coleta de dados foram desenvolvidas em duas
etapas. Na primeira, considerada a fase exploratória, houve a aplicação de um
questionário aos enfermeiros participantes de eventos científicos promovidos pelo
Departamento de Enfermagem da AMIB, em 2010 no território nacional, com a
finalidade de conhecer os conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao
enfermeiro de terapia intensiva. Este instrumento subsidiou a segunda etapa da
pesquisa, que ocorreu pela realização de cinco encontros de Grupo Focal (GF) em
que participaram seis enfermeiros de terapia intensiva da rede privada e seis da
pública da cidade de São Paulo. Resultados: Na fase exploratória, foram
distribuídos 400 questionários e utilizados 295, evidenciando que o enfermeiro de
UTI tem um perfil sustentado pelo conhecimento técnico, tecnológico e científico, por
habilidades, como a liderança, o relacionamento interpessoal e a tomada de decisão
e atitudes como o comportamento ético, a proatividade e o espírito de equipe. Na
segunda etapa, os encontros do GF permitiram conhecer os motivos da escolha
para o trabalho em UTI, as dificuldades encontradas pelo recém-admitido e a
elaboração de dez competências necessárias ao enfermeiro intensivista. Conforme
os participantes, as dez competências foram: Conhecimento e desempenho
técnico/tecnológico, Conhecimento científico, Liderança, Relacionamento
Interpessoal, Comunicação, Planejamento, Tomada de decisão, Organização,
Trabalho em equipe e Equilíbrio emocional. Como um subproduto, o grupo também
criou um instrumento composto por questionário e roteiro de treinamento focado na
individualidade de cada enfermeiro recém-admitido na UTI, chamado de Plano do
Enfermeiro para o Desenvolvimento Individual (PEDI). Conclusão: Evidenciou-se
que há um perfil específico, tanto na formação como nos aspectos pessoais para
atuar em terapia intensiva, tendo em vista as particularidades do setor. Emergiram
como competências primordiais, tanto na fase exploratória como no GF o
conhecimento e desempenho técnico/tecnológico, o conhecimento científico e a
liderança. Mostrou-se também que o desenvolvimento do conhecimento ocorre em
situações do cotidiano, com base nas quais se constroem competências, ou seja,
pelo aprimoramento profissional, que não é resultado de um processo cumulativo e
mecânico, mas, focado nas necessidades individuais de cada profissional. Para isso,
torna-se necessário considerar todo o contexto em que esse enfermeiro está
inserido, seja ele de vida, de trabalho ou lócus de experiência. A elaboração do
PEDI mostra que a falta de programas direcionados ao treinamento do recémadmitido
é considerada um problema para o desenvolvimento das competências e
deve ser firmado no cotidiano, pelas atividades participativas, críticas e reflexivas de
cada profissional em sua unidade de trabalho.