O período de gestação, características do ciclo reprodutivo, incluindo verificação da influência do efeito macho, descrição do sistema reprodutor feminino, placentação, desenvolvimento embrionário e fetal – acrescido de análises morfométricas - e expressão dos glicosaminoglicanos (GAGs) sulfatados nos órgãos reprodutivos e placentários foram caracterizados em fêmeas de preás como forma de contribuir para a conservação da espécie. Para
tanto, utilizaram-se 45 fêmeas não gestantes nos seguintes experimentos: 15 fêmeas foram distribuídas em três grupos experimentais, seguido da adição de um macho em cada grupo de modo que após a cópula e fecundação, as fêmeas eram separadas segundo datas compatíveis com início (dias cinco, 10 e 15), meio (dias 20, 25, 30 e 35) e fim (dias 40, 45, 50 e 55) da gestação. Tal condição visou à obtenção de fragmentos dos sacos gestacionais, placentas e órgãos do sistema reprodutor feminino, os quais foram fixados em paraformaldeído 4% e submetidos às
técnicas de microscopia de luz. As amostras fixadas em glutaraldeído foram destinadas à realização de técnicas de microscopia eletrônica de varredura e transmissão. Além disto, usou-se a prozima para extração dos GAGs, seguida da eletroforese em gel de agarose e posterior quantificação por densitometria. O segundo experimento consistiu na utilização de cinco fêmeas, alocadas em recinto que continha um macho para o acompanhamento da duração da gestação. O terceiro experimento objetivou a caracterização do ciclo estral em um grupo contendo cinco fêmeas mais um macho, o qual encontrou-se preso em gaiola e outras cinco, em box isento deste último. O quarto experimento foi realizado por meio da análise morfométrica de embriões com 20, 25, 30 e 35 dias além de fetos nos dias 40, 45, 50, 55, 60 e recém-nascidos. Os resultados revelaram a presença de um útero duplo incompleto, formado por dois cornos, um corpo septado e uma cérvice. Os órgãos do sistema reprodutor apresentaram características macroscópicas e histológicas semelhantes as relatadas para outros roedores. A duração da gestação demonstrou média de 59 ± 2,7487 dias e o ciclo sexual foi classificado como poliéstrico contínuo, com período médio de 14,8 ± 0,73 dias para as fêmeas submetidas ao efeito macho e 14,6 ± 0,75 dias para aquelas do outro grupo. Além disto, a presença do macho influenciou significativamente (P<0,05) a duração do diestro, tornando-o mais longo. A inversão do saco vitelino ocorreu no décimo quarto dia de gestação e o endoderma visceral situou-se em aposição aos tecidos uterinos. A placenta corioalantoide apresentou forma discoidal e possuiu regiões bem definidas de espongiotrofoblasto, labirinto e subplacenta a partir da gestação intermediária. O desenvolvimento
embrionário foi semelhante ao observado em roedores histricognatis, sendo a transição para a fase fetal, ocorrida aos 40 dias de gestação. Os dados morfométricos possibilitaram o estabelecimento de correlações com a idade gestacional. O dermatam sulfato foi o GAG predominante em amostras de tubas uterinas, vaginas e placentas, ao passo que o heparam expressou-se mais no corpo do útero, no início da gestação. Houve ainda elevadas concentrações de GAGs no útero gestante e no sistema reprodutor na fase estrogênica quando comparada ao diestro. Conclui-se que os eventos reprodutivos apresentaram características da espécie correlacionáveis com outras da
ordem Rodentia, fato este que indica um conjunto de estratégias evolutivas relacionadas com a sua manutenção.