O objeto a ser estudado em nosso trabalho, ora apresentado, é a metafísica de Bergson tal como ela surge em sua primeira obra: "Ensaio sobre os dados imediatos da consciência". Para a exposição deste tema, nós subdividimos este trabalho em duas partes: primeiro e segundo capítulos. No primeiro, o objetivo maior é a apresentação do princípio mais importante da filosofia de Bergson e como ela soluciona a questão da liberdade: a Duração (Durée). Por isso mesmo, após tratarmos da intuição da Duração como ponto de partida do pensamento bergsoniano, optamos pela apresentação das teorias e conceitos fundamentais para a compreensão de sua metafísica, seguindo a ordem pela qual eles aparecem no interior da sequência original do texto. Desta forma, no primeiro capítulo estudamos a natureza das intensidades enquanto dados imediatos da consciência e, através de suas aplicações à vida mental, como elas se convertem em provas psicológicas da Duração. Logo em seguida, acompanhamos a argumentação de Bergson, através da qual ele faz a distinção formal e metafísica das duas partes constitutivas do real: a multiplicidade numérica e a qualitativa. Sendo esta última, a responsável lógica pelo surgimento da Duração, como ideia e fundamento real desta mesma multiplicidade. Por último, tratamos de mostrar à luz da temporalidade específica da Duração, a aplicação que dela faz Bergson, na resolução do problema metafísico da liberdade. Já, no segundo capítulo, fazemos um aprofundamento nos aspectos mais relevantes da metafísica inaugurada no Ensaio. Uma caracterização dela a partir de seus elementos conceituais constitutivos, e principais teses. Assim, começamos pelo rebatimento dos conceitos originais da metafísica bergsoniana, como os de Ser e realidade, com suas versões nas teorias tradicionais. Passamos em seguida, para uma demostração de sua metodologia original a partir da distinção entre intuição e inteligência, em sua aplicação à teoria numérica, e da aplicação do ideal da precisão em relação ao espaço. Também foi indispensável relevar a metafísica de Bergson não somente como um trabalho teórico, mas, principalmente, como uma experiência de pensamento e de escolha de um modo de vida integral no tempo. E, finalmente, como a metafísica deve representar uma vida superior, pela experiência humana de liberdade vivida na temporalidade da Duração.