A criopreservação e o transplante de tecido ovariano (TO) têm sido uma alternativa promissora para preservar e restaurar a fertilidade de pacientes, jovens ou adultas, com câncer sob o risco de infertilidade devido aos danos causados pela quimio e/ou radioterapias. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a regeneração da função ovariana após auto e xenotransplante de TO caprino fresco ou vitrificado. O estudo foi realizado em três fases distintas: Fase I: Autotransplante ortotópico de tecido ovariano caprino fresco ou vitrificado; Fase II: Autotransplante heterotópico e cultivo in vitro de tecido ovariano fresco ou vitrificado e Fase III: Xenotransplante de tecido ovariano caprino fresco ou vitrificado. Nas Fases I e II, o TO foi enxertado na curvatura menor do útero e na cavidade peritoneal, por um período de 6 e 3 meses, respectivamente. Já na fase III, o TO foi enxertado na cavidade peritoneal de camundongos BALB/nude. Na Fase I, após recuperação do TO foi observado um aumento significativo da progesterona nas cabras que receberam TO fresco. Embora o percentual de folículos preantrais morfologicamente normais (FPMN) tenha sido similar entre o TO fresco (controle) e o transplante fresco, nesta condição, a densidade folicular foi significativamente inferior ao controle. Na Fase II, após três meses de transplante, três folículos antrais foram observados na superfície do TO de enxertos fresco ou vitrificado. Nessa fase, o percentual de FPMN no TO oriundo do controle, transplante fresco ou vitrificado, foi similar. Os níveis séricos de estradiol não foram alterados durante o período de transplante, por outro lado, após 7 dias de cultivo in vitro do TO vitrificado ou não, os níveis de progesterona e estradiol reduziram significativamente. As proteínas SDF-1α e Cx37 foram detectadas nos oócitos e células da granulosa de folículos presentes no TO fresco, vitrificado ou apenas cultivado, porém, no TO vitrificado e cultivado, a Cx37 foi encontrada apenas nas células da granulosa. A Cx43 foi detectada nas células da granulosa, células da teca e na zona pelúcida de folículos em todos os tratamentos. Na Fase III, o percentual de FPMN no TO vitrificado ou vitrificado e transplantado foi significativamente reduzido, comparado ao TO fresco ou transplantado. Além disso, no TO vitrificado o percentual de folículos em desenvolvimento foi significativamente superior ao observado no TO fresco, bem como no TO transplantado não vitrificado. A apoptose avaliada pela expressão de mRNA para a caspase 3 foi significativamente reduzida no TO transplantado após vitrificação ou não, comparado ao TO apenas vitrificado. Em conclusão, em caprinos a função ovariana, bem como os folículos pré-antrais podem se desenvolver até o estágio de folículos antrais após o transplante de TO fresco ou vitrificado. No entanto, muitos esforços ainda precisam ser realizados visando o sucesso completo da técnica de manipulação (transplante ou cultivo in vitro) de folículos pré-antrais após criopreservação.