Os fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) desempenham funções importantes para as plantas e solo, como agregação e estruturação física. Contudo, o efeito da inoculação dos FMAs na agregação do solo ainda não está bem esclarecido. Neste contexto, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a inoculação de diferentes espécies de FMAs em plantas de Urochloa sobre a multiplicação desses FMAs e sua influência na formação e estabilidade dos agregados no solo. A pesquisa foi conduzida em três experimentos, sendo dois em casa de vegetação no Departamento de Ciência do Solo (DCS)/Universidade Federal de Lavras (UFLA), utilizando cinco FMAs (Acaulospora colombiana, Acaulospora longula, Acaulospora morrowiae, Paraglomus occultum e Gigaspora margarita) associados com Urochloa brizantha (A. Rich.) Stapf. E em campo na Estação Experimental de Pastos e Forragens/Instituto Nacional de Ciências Agrícolas (INCA), Cuba, inoculando três FMAs (Funneliformis mosseae, Glomus cubense e Rhizophagus intraradices) em Urochloa híbrida (cv. CIAT BR 02/1752 "Cayman") num Gleyssolo Nodular Ferroginoso. No primeiro estudo em casa de vegetação foi avaliada a multiplicação e a colonização micorrízicas ao longo do tempo. No segundo estudo e em campo foi avaliada a influência da inoculação na estabilidade de agregados do solo (via seco e imerso em água), índice de estabilidade de agregados do solo, quantificação do micélio extrarradicular e produção de proteína do solo relacionada a glomalina nas amostras do solo e dentro das classes dos agregados (este último apenas em casa de vegetação). As análises foram realizadas nos laboratórios do DCS/UFLA e INCA, para os experimentos de casa de vegetação e campo, respectivamente. No primeiro estudo foi observado maior colonização micorrízica em menos tempo de cultivo para a espécie A. colombiana, que atingiu a estabilização aos 76 dias e apresentou maior número de esporos aos 120 dias. Por outro lado, P. occultum e G. margarita não atingiram a máxima colonização micorrízica e densidade de esporos aos 120 dias, indicando ser necessário um período maior para multiplicação desses FMAs associados a U. brizantha. Para glomalina houve maior incremento para inoculação com A. colombiana, A. longula e P. occultum aos 120 dias de cultivo. No segundo estudo, a inoculação com A. colombiana apresentou maior comprimento do micélio extrarradicular e Ø dos agregados imerso em água, quando comparada ao tratamento sem inoculação. Os maiores teores de glomalina foi observado para inoculação com A. colombiana e A. morrowiae nas classes de agregados com Ø>2,0mm e Ø<0,105mm, quando comparadas ao tratamento sem inoculação. No estudo de campo foi verificado maior estabilidade dos agregados secos aos 140 e 876 dias de cultivo, quando comparado aos agregados imerso em água, havendo influência da inoculação apenas aos 876 dias. Indicando menor estabilidade dos agregados imersos em água e a influência da “energia cinética” sobre a estrutura do solo. A estabilidade dos agregados foi favorecida pela capacidade cimentante (cumulativa) da glomalina e pelo comprimento dos micélios extrarradiculares (aos 876 dias), devido ao maior enredamento das partículas do solo. As raízes de U. brizantha e U. híbrido associadas a inoculação exerceram efeito importante no índice de estabilidade dos agregados do solo, em casa de vegetação aos 180 dias e em campo aos 876 dias (com destaque para G. cubense). A qual, também apresentou maior potencial competitivo com os FMAs nativos ao longo do tempo. Esses resultados mostraram a importância do conhecimento das interações dos FMAs associados ao hospedeiro, de forma a otimizar a simbiose e seus benefícios, ou mesmo de manejar os FMAs nativos para formação e estabilidade da estrutura física do solo.