Dentre as espécies de animais silvestres na América Latina, o cateto (Pecari tajacu, Linnaeus 1758) vem despertando interesse comercial. Consequentemente, a caça indiscriminada associada à destruição de habitats, resulta numa diminuição do número de indivíduos de vida livre. Assim, o uso de biotécnicas reprodutivas pode gerar melhorias na manutenção dessa espécie em cativeiro e aumentarar sua produtividade, reduzindo sua caça e destruição de seus habitats. O presente estudo objetivou aplicar tratamentos hormonais de sincronização de estro em fêmeas de cateto adaptados de espécies domésticas. Assim, fêmeas foram estimuladas com dois protocolos hormonais de associação de gonadotrofinas, Dose Suína (SD) e Dose Alométrica (AD), e os tratamentos foram comparados quanto ao desenvolvimento folicular ovariano e à expressão gênica dos receptores para gonadotrofinas (FSHR e LHCGR) e dos genes que codificam o receptor de fator de crescimento transformador beta-1 (TGFβR-1 ou ALK-5), receptor de proteína morfogênica óssea tipo 1A (BMPR1A ou ALK-3), receptor de proteína morfogênica óssea tipo 2 (BMPR2), além dos genes de referência gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase (GAPDH), histona 2A (H2A) e a proteína de transcrição ubiquitinamente expressa (UXT). A resposta ovariana foi analisada quanto ao número de folículos antrais totais e classificados em três categorias quanto ao tamanho: P (<3mm), M (3-5mm) e G (>5mm). A taxa de ovulação foi registrada pelo número de corpos hemorrágicos (CH). A população pré-antral foi representada por fragmentos de córtex ovariano. A expressão dos referidos genes foi analizada por qPCR nos folículos antrais P, M, e G, em córtex e em CH. A quantidade de folículos P, M ou G foi semelhante (P>0,05) entre SD e AD. Entretanto, o tratamento SD produziu folículos G significativamente maiores (P<0,05) do que P ou M. Adicionalmente, esse tratamento produziu folículos G maiores do que o protocolo AD. Todos os genes estudados apresentaram abundância similar (P>0,05) em córtex e folículos P, M e G, comparando-se os tratamentos SD com AD. Os folículos grandes expressaram menos mRNA de FSHR (P<0,05) que córtex (SD) ou folículos pequenos (AD). Em relação ao LHCGR, a categoria M mostrou maior expressão (P<0,05) do que folículos P (no grupo SD) ou do que córtex (em AD). Os genes TGFβR-1, BMPR1A e BMPR2 apresentaram menor expressão (P<0,05) em folículos M, quando comparado ao P (no grupo SD) ou ao córtex (em AD). Quanto à taxa de ovulação, o número de CH não foi alterado pela dose hormonal (P>0,05), sendo 4,00±1,17 e 2,50±0,43, para SD e AD respectivamente. Além disso a expressão de LHCGR foi similar nos CH (P>0,05) produzidos pelos tratamentos.
Conforme a expressão relativa dos genes em folículos e córtex, é possível concluir que FSHR, TGFβR-1, BMPR1A e BMPR2 são mais ativos no início e LHCGR na fase tardia do desenvolvimento folicular. Adicionalmente, as doses mais elevadas de eCG/hCG não aumentam a taxa de ovulação e CH não apresenta aumento da expressão de LHCGR. Finalmente, estudos são necessários para entender melhor a fisiologia reprodutiva de pecaris.