Objetivo: Comparar a segurança, a dose de radiação, o volume de contraste e
precisão diagnóstica entre a coronariografia rotacional de duplo eixo (CRDE) e a
coronariografia convencional. Introdução: A coronariografia convencional é o
método padrão ouro no diagnóstico da doença arterial coronariana e baseia-se na
análise de projeções fixas ortogonais bidimensionais, que podem não ser ideais para
avaliar determinados segmentos coronarianos. CRDE é uma técnica alternativa que
permite a visualização dinâmica das artérias coronárias, em múltiplos ângulos, com
uma única injeção de contraste para cada coronária. Métodos: Duzentos e um
pacientes foram aleatoriamente designados para coronariografia convencional (n =
100) ou CRDE (n = 101) e comparadas segurança, a exposição do paciente à
radiação e o consumo de meio de contraste. Posteriormente, foram selecionadas
consecutivamente as primeiras setenta e sete (77) lesões coronarianas em ambos
os grupos, avaliadas por dois observadores independentes e classificadas entre
lesões leves (30% a 49%), moderadas (50% a 69%), e graves (>70%). A correlação
inter-observador foi estimada pelo índice Kappa. Resultados: Os dados
demográficos iniciais e características clínicas foram semelhantes em ambos os
grupos. A prevalência geral de doença arterial coronariana foi de 77,6%. O grupo
rotacional obteve redução significativa na quantidade de contraste, 60 ml (IQR: 52,5-
71,5 ml) contra 76 ml (IQR: 68-87 ml), P <0,0001; e dose de radiação pela Air
Kerma, 269,5 mGy (IQR: 176-450,5) versus 542,1 mGy (IQR: 370,7-720,8), P
<0,0001. Houve menos pacientes que necessitaram de projeções adicionais no
grupo rotacional: 54,0% versus 75,0%; P=0,002. O índice de correlação interobservador
no grupo rotacional foi de 0,71, considerado bom, já no grupo
convencional a correlação foi regular, 0,53. Conclusão: Em uma população com
alta prevalência de doença arterial coronariana, CRDE foi segura e resultou em
diminuição significativa no volume de contraste e na dose de radiação. A
reprodutibilidade superior para CRDE comparada à coronariografia convencional
pode ser justificada pela possibilidade de se quantificar uma mesma lesão em
diversas angulações.