Ojetivos: Determinar os valores de referência para os parâmetros biométricos e funcionais do coração fetal utilizando a ultrassonografia tridimensional modo spatio-temporal image correlation M (STIC-M) e avaliar a reprodutibilidade intra e interobservador. Métodos: Foi realizado um estudo prospectivo tipo corte transversal em 300 fetos de gestantes normais com idade gestacional entre 20 e 33 semanas e 6 dias. Após a aquisição volumétrica do coração fetal pelo método STIC, selecionamos o plano A referencial com rotação do mesmo em torno do eixo “y” com o septo interventricular (SIV) posicionado em 9h. Acionamos a tecla STIC-M e cursor posicionado no ponto médio do SIV, sendo o traçado obtido automaticamente. Os parâmetros biométricos avaliados: espessura das paredes dos ventrículos esquerdo (EpVE) e direito (EpVD), espessura do septo interventricular (ESIV), diâmetro externo biventricula (DEBV), diâmetro interno dos ventrículos esquerdo (DIVEd) e direito (DIVDd) nos final da diástole e diâmetros internos dos ventrículos esquerdo (DIVEs) e direito (DIVDs) no final da sístole. Os parâmetros funcionais avaliados: fração de encurtamento dos ventrículos esquerdo (FEnVE) e direito (FEnVD) e deslocamento anular da valva tricúspide (TAPSE). Para o cálculo do TAPSE, realizamos a rotação do coração posicionando o ápice cardíaco em 12h e cursor adjacente à valva tricúspide; sendo o traçado obtido automaticamente. Os intervalos de referência foram construídos segundo modelo de regressão polinomial e ajuste segundo coeficiente de determinação (R2). Para reprodutibilidade intra e interobservador utilizamos o coeficiente de correlação de concordância (CCC). Resultados: Houve correlação entre os parâmetros avaliados com a idade gestacional. As médias e os ajustes R2 para os parâmetros avaliados foram: EpVE: 0,30 cm ± 0,07 (0,056+0,009*IG R2 =0,26) ; EpVD: 0,34 cm ± 0,09 (-0,002+0,013*IG R2 = 0,33); ESIV: 0,29 cm ± 0,09 ( -0,011+0,011*IG R2 = 0,25), DEBV: 2,75 cm ± 0,63 (-0,822+0,135*IG R2 = 0,77); DIVEd: 0,86 cm ± 0,26 (-0,297+0,044*IG R2 = 0,46); DIVDd: 0,87 cm ± 0,28 (-0,392+0,048*IG R2 = 0,49); DIVEs: 0,61 cm ± 0,22 (-0,193+0,030*IG R2 = 0,30); DIVDs: 0,64 cm ± 0,24 (-0,389+0,039*IG R2 = 0,43); FEnVE: 0,29 cm ± 0,11 (0,244+0,002*IG R2 = 0,005) (0,244+0,002*IG R2 = 0,005) ; FEnVD: 0,27 cm ± 0,12 (0,370 – 0,004*IG R2 = 0,02) TAPSE: 0,70 cm ± 0,17 (-0,034+0,028*IG R2 = 0,46). Encontramos uma boa/moderada concordância intraobservador para as medidas dos parâmetros biométricos, com CCC = 0,87 (IC95% 0,80 - 0,93); CCC = 0,85 (IC95% 0,75 - 0,90) e CCC = 0,86 (IC95% 0,80 – 0,93) para EPVE, ESIV e EPVD, respectivamente. Da mesma forma, na avaliação interobservador com CCC = 0,86 (IC95% 0,76 – 0,92) para os três parâmetros as medidas dos parâmetros biométricos. Observou-se baixa concordância intraobservador para as medidas da FEnVD com com CCC = 0,48 (IC95% 0,27 - 0,66), FEnVE com CCC = 0,66 (IC95% 0,50 - 0,78), entretanto, boa concordância intraobservador para TAPSE com CCC = 0,95 (IC95% 0,91 – 0,97). Quanto à variabilidade interobservador, observamos baixa concordância para a FEnVD com CCC = 0,38 (IC95% 0,13 – 0,0,58) e FEnVE com CCC = 0,34 (IC95% 0,10 – 0,54), contudo, boa moderada concordância para o TAPSE com CCC = 0,79 (IC95% 0,65 – 0,87). Conclusões: Valores de referência foram determinados para a biometria e função cardíaca fetal por meio da ultrassonografia tridimensional utilizando o modo STIC-M entre 20 e 33 semanas e 6 dias. Observamos boa/moderada reprodutibilidade para os parâmetros biométricos e TAPSE e ruim para FEnVD e FEnVE.