A criação da cidade de Goiânia, na década de 1930, para substituir a antiga capital de Goiás, pretendia afirmar o Estado como expressão do progresso e desenvolvimento conquistado. Seu plano original, elaborado por Attílio Corrêa Lima, em 1933, tem influência do urbanismo barroco, expresso na monumentalidade, e dos padrões sanitários estabelecidos para a época. Alguns parques, portanto, foram estabelecidos como pulmões da cidade em estreita relação com os cursos d’água, além de serem propostos para o lazer e embelezamento urbano. O Bosque dos Buritis, localizado na região central da cidade, foi previsto nesse plano e definido como área de lazer e de preservação ambiental, que não poderia ter seu uso alterado. Entretanto, a maioria das áreas verdes, previstas no plano original, foram loteadas para abrigar a população que chegava na nova capital ou desmatadas para a abertura de vias. Da mesma maneira, o Bosque teve sua área extremamente reduzida e se consolidou como parque urbano apenas por volta dos anos 1960 e 1970. Posteriormente, o parque ganhou um concurso de cartão-postal de Goiânia, o que deu início a discursos de “cidade verde”, “cidade sustentável”, que estimularam a construção de mais de 10 parques na cidade, na última década. Tomando-se os parques urbanos da cidade como palimpsesto, as consecutivas transformações do Bosque possibilitaram a investigação de suas representações. A partir de revisões bibliográficas, análise de fontes documentais e de entrevistas, a pesquisa busca investigar o Bosque que habita o imaginário daqueles que dele usufruem e as relações simbólicas estabelecidas com este espaço da cidade.