O leite possui uma rica composição nutricional, sendo um excelente substrato para a multiplicação de microrganismos, devendo existir o máximo cuidado e higiene em sua obtenção. A indústria tem o dever de fornecer ao consumidor um alimento inócuo, e a utilização de tratamentos térmicos tem a função de reduzir ou eliminar a contaminação ali presente. Porém, com o uso de altas temperaturas, o leite está sujeito à alterações em sua composição, como a formação da lactulose, um dissacarídeo isômero da lactose, que é formado com influência do alto aquecimento do leite. A lactulose não é absorvida no intestino, pois os mamíferos não possuem enzimas que a hidrolizem, sendo metabolizada pela microbiota intestinal e causando sintomas como desconforto abdominal, diarreia, entre outros. A lactulose pode ser usada como prebiótico na formulação de alimentos, e como medicamento, é indicada para o combate da constipação intestinal e tratamento de encefalopatia hepática. Além do beneficiamento do leite, a indústria ainda deve fornecer ao consumidor um alimento livre de qualquer adulteração. É muito comum o uso fraudulento de conservantes, como o formaldeído, buscando a eliminação de microrganismos e prevenindo as alterações causadas por eles. O formaldeído pode causar danos à saúde de quem o consumir por ser altamente tóxico e carcinogênico. O método preconizado internacionalmente para a quantificação de lactulose é por HPLC. O presente estudo propõe um método simples de extração e quantificação de lactose e lactulose no leite, com a utilização de princípios da química verde, em que não se faz o uso de reagentes poluentes, utilizando apenas água como agente extrator e fase móvel. Nessa pesquisa, para a fase de extração, utilizou-se leite, diluído em água ultrapura (1:10 v/v), ultracentrifugado, sendo o sobrenadante filtrado em filtro PVDF 0,22 μm e injetado em HPLC-RID. Para a detecção de formaldeído no leite é preconizado o teste contido na instrução normativa 68 (BRASIL, 2006), sendo este, um método que demanda longo tempo, uso de vidrarias específicas e reagentes, o que o torna de inviável execução na plataforma do laticínio. Este trabalho estudou novas técnicas que pudessem atender essa necessidade do laticínio, com métodos rápidos e simples para a detecção de formaldeído. Foram desenvolvidos dois reagentes, o reagente A, utilizado para a diluição da amostra de leite (H2O:leite, 4:1, v/v) e em seguida adicionado 1 mL da amostra diluída em tubo contendo 1 mL do reagente B, aguardando 5 minutos. Foram realizados,
simultaneamente, testes comparando o novo método com outros dois métodos já conhecidos, o preconizado pela IN 68 (BRASIL, 2006) e o teste da floroglucina. Utilizou-se concentrações de 0%, 0,001%, 0,005%, 0,010%, 0,050%, 0,100% e testado o poder residual, através da realização desses testes com 0 horas, 24 horas e 48 horas após a adulteração. Ainda, foi testada a especificidade do método, utilizando outros possíveis adulterantes do leite e a aplicação do teste em 112 amostras comercias de leite pasteurizado. Os parâmetros de validação para a detecção de quantificação de lactose e lactulose seguiram os padrões estabelecidos pela resolução RE 899 (ANVISA, 2003), em que apresentaram os resultados de acordo com os critérios preconizados pela resolução. Para a detecção de formaldeído obteve-se resultados de alta sensibilidade do novo método, especificidade e com amostras comerciais negativas nos três testes. Foi efetuado o pedido de depósito de patente do método estudado e descoberta por meio desta pesquisa, demonstrando alta sensibilidade, confiabilidade e especificidade em seus resultados, sendo totalmente adequada para a utilização, como teste de triagem, na plataforma de laticínios.