Objetivou-se avaliar diversas alternativas para o controle da dermatofilose e controle
parasitário de ovinos e caprinos no semiárido: 1) o controle da dermatofilose em
pastagens irrigadas; 2) o controle das parasitoses gastrintestinais no pastejo rotacionado
irrigado; 3) o estudo de alguns fatores importantes para o tratamento seletivo no
controle das parasitoses gastrintestinais, tais como a diferente susceptibilidade entre
caprinos adultos e caprinos jovens e a dinâmica de infecção no início das chuvas. Esta
tese é formada por três trabalhos. No primeiro relatam-se 17 surtos de dermatofilose em
três fazendas de ovinos da raça Santa Inês e Santa Inês x Dorper criados em áreas
irrigadas com pastoreio rotativo, com lotações de 5 a 11 unidades animais por hectare,
no município de Belém do São Francisco, Pernambuco. Os surtos ocorreram após
períodos de chuvas, afetando ovinos de diversas idades, com morbidade de 0,77% a
31%. Os sinais clínicos caracterizaram-se por dermatite com formação de crostas que se
destacavam com facilidade, deixando áreas de alopecia. Em culturas em meio de ágar
sangue ovino a 5% foi isolado Dermatophilus congolensis. Os animais foram separados
do rebanho e tratados com 70.000 UI de benzilpenicilina procaína e 70 mg de sulfato de
diidroestreptomicina por kg de peso vivo e todos se recuperaram. Conclui-se que a
dermatofilose é uma doença endêmica importante em ovinos em sistemas de pastejo
rotacionado irrigado e altas lotações, que ocorre com maior frequência após períodos de
chuva e que pode ser controlada com isolamento dos animais seguido de uma única
aplicação de penincilina e estreptomicina. No segundo trabalho descreve-se o controle
das parasitoses gastrintestinais em uma fazenda no Munícipio de Belém do São
Francisco, Pernambuco, no período de abril de 2013 a setembro de 2014, em um
rebanho de 646 a 859 ovinos mestiços da raça Dopper com Santa Inês, criados em uma
área de 12 ha de pastagem de capim coast cross (Cynodon dactylon) dividida em 24
piquetes. Para o pastejo os ovinos foram divididos em dois grupos, um de ovelhas
paridas e outro de ovelhas secas e borregas de mais de dois meses, que pastejavam três
dias em cada piquete. Os piquetes tinham 36 dias de descanso. Foi feito teste de
resistência aos anti-helmínticos no início de experimento e anualmente, que resultou na
mudança anual do produto utilizado. No segundo ano, para as coletas de fezes e para o
tratamento anti-helmíntico seletivo, as ovelhas paridas e as ovelhas secas foramdivididas em dois subgrupos cada: gordas e magras. Todos os meses coletavam-se fezes
de 10% dos ovinos de cada subgrupo para fazer OPG e coprocultura. Coletaram-se
amostras de capim a cada dois meses para fazer a contagem e identificação de larvas do
pasto. Durante os 18 meses de estudo foram tratados individualmente aproximadamente
3797 ovinos, equivalente a 6,49 tratamentos por ovino (3,97 em 2013 e 2,52 em 2014).
O helminto mais prevalente nas coproculturas (50-85%) e no pasto (83,2%) foi
Haemonchus contortus. Os menores números de larvas infectantes no pasto (94 a 111
larvas L3/ kg MS) ocorreram nos dias 35 e 2 a 8 de pastejo. Os maiores números
ocorreram entre os dias 17 a 20 (374 a 761 L3/kg MS). A produção de carne da fazenda
foi 1023 kg por hectare e a rentabilidade de 3,31%. Conclui-se que o pastoreio dos
potreiros por três dias, com um descanso de 36 dias, com a utilização de tratamento
seletivo, permite controlar as helmintoses gastrintestinais em sistemas de pastoreio
rotacional irrigado. No entanto, é necessário realizar testes de resistência dos parasitas
aos anti-helmínticos anualmente para contornar esse problema. No terceiro trabalho, em
cinco propriedades, com rebanhos com 11 a 63 caprinos, de março de 2013 a janeiro de
2015 foram coletadas, mensalmente, fezes de todos os caprinos para contagem de ovos.
Em nenhuma propriedade foi necessário vermifugar durante os períodos de seca. Em
2013, com precipitações de 265-533 mm anuais, não foi necessário vermifugar durante
o período de chuva e em 2014 com precipitações de 604-778 mm foi necessário
vermifugar 30-60 dias após as primeiras chuvas em três propriedades. Nessas três
propriedades foi encontrada multirresistência aos anti-helmínticos. Foi constatado que o
OPG das cabras lactantes foi significativamente maior do que o OPG das cabras secas e
dos cabritos. Em conclusão, na região semiárida, geralmente não é necessário o
tratamento das cabras pastejando na caatinga durante a estação seca. Na estação
chuvosa a carga parasitária aumenta 2-3 meses após as primeiras chuvas. Tanto na seca
quanto nas chuvas o produtor deve monitorar o rebanho mediante OPG ou por outros
critérios (anemia, edema submandibular) para determinar a necessidade de
vermifugação.