Objetivos:
Foram realizados cinco estudos visando o seguinte escopo:
1. Avaliar a segurança e eficácia da lidocaína gel em variadas
concentrações, no alívio da dor durante a injeção intravítrea.
2. Conhecer a técnica anestésica preferida dos especialistas
brasileiros em retina e vítreo, para realização de injeção intravítrea.
3. Comparar a dor ao pinçamento conjuntival no quinto e no
décimo minuto, em pacientes anestesiados com lidocaína gel 2% e 5%.
4. Avaliar a eficácia da anestesia tópica com colírio de
proparacaína associada ou não ao anestésico gel, para injeção
intravítrea.
5. Realizar uma revisão sistemática sobre anestesia tópica para
injeção intravítrea, a fim de avaliar a experiência álgica vivenciada pelo
paciente no momento da aplicação sob as diferentes técnicas
anestésicas.
Métodos:
1. Avaliação da dor da injeção intravítrea, utilizando a escala
analógica visual (VAS), em pacientes anestesiados com lidocaína gel nas
concentrações 2%, 3,5%, 5%, 8% e 12%.
2. Pesquisa eletrônica entre os membros da Sociedade Brasileira
de Retina e Vítreo (SBRV), contendo 22 questões abordando cuidados
pré, intra e pós-operatórios, relacionados ao tratamento intraocular
quimioterápico com antiangiogênico.
3. Comparação da dor ao pinçamento conjuntival no quinto e no
décimo minuto, 40 pacientes hígidos, anestesiados com lidocaína gel 2%
em um dos olhos e 5% no olho contralateral.
4. Comparação da dor da injeção intravítrea em 40 pacientes,
submetidos a duas aplicações consecutivas, com intervalo de 30 dias,
sendo a primeira sob anestesia com proparacaína associada à lidocaína
gel e a segunda sob proparacaína isoladamente, ou vice-versa.
5. Revisão sistemática sobre anestesia tópica para injeção
intravítrea (IVI) de drogas antiangiogênicas em pacientes adultos. Foram
cruzadas as palavras intravitreal injections, bevacizumab, ranibizumab,
aflibercept e anesthesia em bancos eletrônicos de pesquisa disponíveis
como LILACS, Cochrane, Google Scholar, Scopus, PubMed e Web of
Science, entre os anos de 2011 a 2016.
Resultados:
1. Foi observada uma tendência dos pacientes a apresentarem
menos dor nas concentrações acima de 3,5%, porém sem diferença
significativa (p = 0.077).
2. Cerca de 65% dos procedimentos são realizados sob anestesia
tópica com colírio anestésico, 22% sob colírio + gel anestésico, 5% com
infiltração subconjuntival de lidocaína e 7% com outras associações e
sedação.
3. No quinto e no décimo minuto, os olhos que receberam gel de
lidocaína 5% sentiram menos dor ao pinçamento conjuntival, sendo
estatisticamente significativo no décimo minuto.
4. O desconforto durante a colocação do blefarostato e a dor da
injeção intravítrea foram menores no grupo da associação do colírio
anestésico com o gel de lidocaína.
5. O desconforto da injeção intravítrea é leve, não havendo uma
técnica anestésica que possa ser considerada como padrão. Nenhuma
técnica anestésica local é capaz de abolir a dor completamente. A
anestesia subconjuntival (SC) deve ser considerada em pacientes mais
sensíveis, por apresentar discreta superioridade anestésica demonstrada
por alguns estudos.
Conclusões:
1. A dor da aplicação foi similar nas diferentes concentrações de
lidocaína gel estudadas.
2. A anestesia tópica com colírio é a técnica preferida para injeção
intravítrea entre os especialistas da SBRV.
3. A concentração de 5% de lidocaína é mais duradoura do que a
de 2%.
4. O gel anestésico potencializou o efeito do colírio tópico no alívio
da dor da injeção intravítrea.
5. As diferentes alternativas anestésicas são semelhantes em
relação à dor no momento da injeção.