A fibromialgia é a segunda doença reumatológica mais frequente no Brasil. Sua prevalência varia, conforme estudos, entre 2,5% e 4,4% na população nacional, predominando o gênero feminino. Vários estudos têm comprovado a ocorrência de prejuízos cognitivos em pessoas com fibromialgia, principalmente naqueles pacientes que também apresentam comorbidades como depressão e ansiedade. Os aspectos psicológicos da doença ainda carecem de mais investigação, achados com relação às alterações cognitivas na fibromialgia são inconsistentes entre si. As voluntárias da pesquisa foram mulheres que receberam o diagnóstico de fibromialgia segundo os critérios da ACR. As pacientes foram avaliados via Teste da Figura Complexa de Rey, RAVLT, Stroop, Teste de Trilhas, Dígitos (Bateria WAIS-III), Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, Escala Analógico-Visual da Dor e Teste Modificado de Escolha de Cartas de Winconsin. Na comparação entre as características dos grupos, pudemos observar que não houveram diferenças importantes entre aquelas utilizadas como critério de pareamento (P= 0,744 para Idade, P=0,504 para Escolaridade e P=0,498 para Renda). A diferença na Dor Subjetiva Medida pela EAV foi 4,17 pontos superior (P<0,001), para o grupo fibromialgia. Os resultados da aplicação da escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, respectivamente 4,64 e 4,19 pontos superior para o grupo fibromialgia (P<0,001), mostram que o grupo fibromialgia apresenta uma tendência a ter mais sintomas tanto de ansiedade quanto de depressão. Com relação às características atencionais dos grupos, parece haver uma tendência a despenho mais lento das pacientes com fibromialgia para tarefas de atenção alternada e sustentada (55,65 segundos a mais no TM-B, P=0,025), chegando a extrapolar o tempo limite de 120 segundos, estabelecidos como nota de corte. Observamos também uma tendência geral de pior desempenho em memória pictórica, medida pela figura de REY. O desempenho dos grupos nos testes que avaliam diretamente as funções executivas, demonstra uma tendência ao pior desempenho na cópia da figura de Rey (4.01 pontos a menos, com P=0,002). Pacientes com fibromialgia sofrem de déficits nas Funções Executivas, principalmente nos componentes planejamento e controle inibitório e tais déficits se refletem em prejuízos de Memória.