Devido à grande necessidade em aumentar o material genético nos bovinos, as técnicas
OPU/PIV vêm sendo aplicadas em larga escala com a finalidade de se obter um maior número
de produtos nascidos por ano de fêmeas selecionadas. No entanto, alguns animais apresentam
um baixo número de folículos disponíveis para a OPU, enquanto outros apresentam uma
baixa taxa de conversão de oócitos em embriões. Neste contexto trabalhos que busquem
maximizar os resultados de OPU/PIV são essenciais. Uma das alternativas é manipular
farmacologicamente o desenvolvimento folicular para obter oócitos mais competentes para a
fecundação in vitro e desenvolvimento embrionário. Por isso, o objetivo deste estudo foi
avaliar o efeito de diferentes doses de gonadotrofina coriônica equina (eCG) em um protocolo
prévio à OPU, sobre o desenvolvimento folicular, número e qualidade dos oócitos
recuperados assim como potencial de fecundação e desenvolvimento embrionário in vitro.
Dezesseis vacas doadoras Braford foram submetidas a 4 sessões de OPU com intervalo de 15
dias entre cada aspiração (n=16 por tratamento; cross over), para avaliar o efeito da dose de
eCG as doadoras foram dividas de acordo com os respectivos tratamentos (Controle = zero,
eCG200 = 200UI de eCG, eCG400 = 400UI de eCG e eCG800 = 800UI de eCG). No início
do protocolo de sincronização (D0), as doadoras receberam 2 mg de benzoato de estradiol IM,
12,5 mg de dinoprost trometamina IM e um dispositivo de liberação lenta de P4 intravaginal.
No dia 3, as doadoras receberam uma dose de eCG de acordo com cada tratamento e no dia 6,
o dispositivo de P4 foi removido e as doadoras submetidas a OPU. Antes da OPU, os folículos ovarianos foram visualizados, mensurados e classificados de acordo com o diâmetro
em pequenos (<6mm), médios (6-10mm) e grandes (>10mm). Após a OPU, os oócitos viáveis
de cada vaca foram levados a MIV e FIV em grupos de acordo com os tratamentos. A MIV
foi realizada durante 24h à 39°C em TCM 199 modificado. Para a fecundação in vitro, os
espermatozoides de um touro Bos taurus de fertilidade comprovada foram selecionados por
gradientes de Percoll e co-incubados com os oócitos por 18h. Após a FIV, 50% dos prováveis
zigotos foram avaliados quanto à taxa de fecundação por epifluorescência. O restante dos
oócitos foram transferidos para gotas de SOFaaci e cultivados in vitro para avaliação da taxa
de clivagem, momento da primeira clivagem e número de células às 48 horas em um sistema
de monitoramento embrionário. As análises estatísticas foram realizadas com ANOVA e as
médias comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). Não houve diferença no número de
folículos, quantidade e qualidade morfológica dos oócitos obtidos entre os tratamentos (P
<0,05). A taxa de recuperação de oócitos foi semelhante entre os grupos tratados com eCG,
porém, inferior ao grupo Controle (p<0,0001). No entanto, o grupo eCG800 apresentou maior
número de folículos médios e grandes (>6mm e >10mm; P <0,00001). Adicionalmente o
grupo eCG800 apresentou maior taxa de fecundação normal (54,3±8,5) e menor taxa de
polispermia (5.7±4.0) que os demais grupos (P < 0,05). Os grupos eCG800 e Controle tiveram
maior taxa de clivagem que os demais tratamentos, 68,6±7,9 e 75,6±6,8, respectivamente.
Não houve diferença no momento da primeira clivagem e no número médio de células às 48 h
entre os tratamentos. Com base nestes dados, pode-se concluir que a dose de 800UI de eCG
aumentou a proporção de folículos >6mm, proporcionando a maior taxa de fecundação
normal e uma redução na taxa de polispermia em relação ao Controle e as demais doses de
eCG, sem prejuízos a cinética de desenvolvimento embrionário até 48 horas.