Objetivo: Analisar a evolução temporal das taxas de óbitos neonatais associados à asfixia perinatal no período de 2004 a 2013 de acordo com a distribuição geográfica, a idade gestacional (IG) e as variáveis demográficas no Estado de São Paulo (ESP). Método:Estudo populacional dos óbitos com asfixia perinatal, sem anomalia congênita, ocorridos até 27 dias de vida na Capital, Área Metropolitana (exceto município de São Paulo) e Interior do ESP de 2004 a 2013. Asfixia perinatal foi definida como presença de hipóxia intraútero, asfixia ao nascer ou aspiração neonatal de mecônio em qualquer linha da Declaração de Óbito (DO) original. O banco de dados foi fornecido pela Fundação SEADE após o pareamento da DO com sua respectiva Declaração de Nascido Vivo com base na técnica de vinculação determinística. A análise estatística incluiu modelo de regressão de Poisson, curvas de Kaplan Meier, teste qui-quadrado de tendência lineare regressão multivariada de Cox. Resultados: De 2004 a 2013 ocorreram 6.648 mortes neonatais com asfixia perinatal no ESP: 27% na Capital, 21% na Área Metropolitana (exceto município de São Paulo)e 52% no Interior. A taxa por mil nascidos vivos foi de 1,16 em 2004 até 0,97 em 2013 na Capital (redução de 17%; p=0,082); de 1,45 para 0,83 na Área Metropolitana (redução de 43%; p<0,001) e de 1,48 para 0,98 (redução de 34%; p<0,001) no Interior. Em recém-nascidos (RN) de 22-27 semanas, o decréscimo na taxa foi maior na Área Metropolitana do que na Capital (p=0,035) e também em RN de 32-36 semanas da Área Metropolitana (p=0,013) e no Interior (p=0,003) em relação à Capital; com mesmo ritmo de redução entre as três regiões em RN de 28-31 semanas e de 37-41 semanas. O tempo mediano de sobrevida foi de 24 horas: maior na Capital (36 horas), seguido do Interior (23 horas) e da Área Metropolitana (21 horas). O menor tempo mediano de sobrevida aconteceu nos extremos prematuros (13 horas) e o maior entre os de 28-31semanas (41 horas). Quanto às características, a maioria dos partos ocorreu no próprio município de residência materna, com redução dos partos em hospitais SUS na Área Metropolitana (p=0,034) e no Interior (p=0,019) e óbito no mesmo hospital de nascimento. Houve redução de mães jovens (p=0,039), aumento de primigestas (p<0,001) e de partos cesáreos (p=0,019), com decréscimo dos RN 37-41 semanas (p<0,001) ao longo dos dez anos. À análise multivariada, ajustando-se pelo ano, houve associação do tempo de vida ao óbito com: região e local de nascimento, idade da mãe, consultas de pré-natal, tipo de parto, IG, escore de Apgar 1º minuto, raça/cor e sexo. Conclusão: Os óbitos neonatais com asfixia perinatal diminuíram de maneira significativa nos anos de 2004 até 2013, em especial nos RN de 32 a 36 semanas, possivelmente devido às intervenções e políticas públicas
dirigidas à gestante e ao RN, com maior impacto na Área Metropolitana (exceto município de São Paulo) e no Interior do Estado de São Paulo.