Objetivos: Determinar a prevalência de atraso no desenvolvimento, além de descrever os escores e os fatores associados aos escores de desenvolvimento em crianças com idade corrigida de 18-24 meses, nascidas <34 semanas de idade gestacional, pelas escalas de desenvolvimento Bayley III. Métodos: Realizou-se um estudo transversal com inclusão de crianças nascidas com idade gestacional <34 semanas e peso <2000g, em seguimento no ambulatório de prematuros da Universidade Federal de São Paulo. Foram excluídos: malformações congênitas, síndrome genética, infecção congênita e atraso do desenvolvimento que impedisse de aplicar as escalas Bayley III. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo e os pais/responsáveis assinaram o termo de consentimento. Dados coletados incluíram: características maternas e das crianças e escores de desenvolvimento cognitivo, de linguagem, motor, sócio-emocional e de comportamento adaptativo, utilizando-se as escalas Bayley III. Considerou-se atraso de desenvolvimento para qualquer uma das escalas, escores <85. As variáveis numéricas, foram expressas em média, desvio padrão ou mediana e valores mínimo e máximo e comparadas pelo teste de Mann-Whitney, teste t ou ANOVA, conforme distribuição e número de variáveis independentes. As variáveis categóricas foram expressas em número e porcentagem e comparadas por Qui-Quadrado ou teste exato de Fisher. Para estudo dos fatores associados aos escores de desenvolvimento, utilizou-se a regressão linear univariada e múltipla. Para análise estatística utilizou-se o programa SPSS for Win/v.17.0, considerando-se significante, p<0,05. Resultados: Foram incluídas 101 (93,5%) crianças, idade gestacional de 29,5±2,6 semanas, peso ao nascer de 1244 ± 38g, sendo, 42 (41,6%) masculinos e 23 (22,8%) pequenos para a idade gestacional. A idade das mães era 30,3±7,2 anos, 82 (81,2%) apresentavam parceiro fixo, 13 (12,9%) tinham escolaridade <9 anos, 56 (55,4%) pertenciam à classe C e 7 (6,9%) classe D/E, com renda familiar mediana de R$ 1800,00 (600-8000) reais. Durante a gestação, 87 (86,1%) realizaram pré-natal, 9 (8,9%) apresentavam hipertensão arterial crônica, 29 (28,7%) doença hipertensiva específica da gravidez, 9 (8,9%) corioamnionite e 60 (59,4%) receberam corticoide antenatal e o parto foi cesáreo em 69 (69,3%) casos. O atraso no desenvolvimento ocorreu em 19% das crianças (cognitivo), 27% (linguagem), 12% (motor), 8% (sócio-emocional) e 22% (comportamento adaptativo). As médias dos escores de desenvolvimento foram: 92,6±14,0 (cognitivo), 91,5±16,8 (linguagem), 97,5±16,5 (motor), 103,8±17,1 (sócio-emocional), 94,0±16,4 (comportamento adaptativo). Na regressão linear múltipla, os fatores associados significantemente aos escores de desenvolvimento (Beta) foram: Cognitivo - escolaridade materna <9 anos (-9,711), leucomalácia (-11,263), síndrome convulsiva (-13,848); Linguagem - anos de estudo (1,575), leucomalácia (-14,044), retinopatia (-8,660), síndrome convulsiva (-10,608); Motor - leucomalácia (-10,335), retinopatia (-11,134); síndrome convulsiva (-15,381); Sócio-emocional - hemorragia peri-intraventricular (-11,565), síndrome convulsiva (-17,055) e Comportamento adaptativo - idade gestacional (1,643), anos de estudo da mãe (1,399), meningite (-11,406). Conclusões: Crianças de 18-24 meses de idade corrigida, nascidas com <34 semanas de gestação apresentaram prevalência elevada de atraso no desenvolvimento em todas as áreas avaliadas pela Bayley III. Os fatores associados ao atraso no desenvolvimento foram: idade gestacional, escolaridade materna, leucomalácia, hemorragia peri-intraventricular, síndrome convulsiva, meningite e retinopatia da prematuridade.