A situação epidêmica da obesidade está diretamente relacionada à maior morbidade e mortalidade devido às doenças crônico-degenerativas. Além do dano físico, está associada ao aumento da adiposidade a incidência de distúrbios psicológicos e transtornos alimentares, como o Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA), baixa autoestima e imagem corporal distorcida. Apesar do TCA não se limitar a indivíduos obesos, é mais comum nesse grupo e entre aqueles que procuram tratamentos para emagrecer. Este trabalho trata-se de uma pesquisa descritiva correlacional, que objetivou compreender as relações entre as variáveis autoestima, imagem corporal e compulsão alimentar, além de avaliar o nível de compulsão alimentar da amostra estudada e conhecer os estereótipos acerca do TCA. Para tanto foram utilizadas as seguintes escalas autoaplicáveis: Binge Eating Scale (BES), Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES), Body Shape Questionnaire (BSQ) e uma Lista de Adjetivos Estereotípicos para Compulsão Alimentar (LAECA) construída para este estudo. A amostra do estudo foi composta por 63 mulheres adultas, entre 18 e 60 anos, com obesidade auto referida. A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética da Pesquisa da UCP e foi implementada em um sistema online. Foi realizada estatística descritiva a fim de caracterizar a amostra (média, desvio-padrão, valores máximo e mínimo). Para medir o grau e a direção da correlação entre as variáveis utilizou-se o r de Pearson. A média de idades da amostra foi de 37 anos (DP=11,32), a qual foi composta por uma maioria de etnia branca (68,25%), seguida pela parda (25,40%) e negra (6,35%). Os resultados da análise correlacional indicaram: correlação positiva alta entre os escores obtidos na BES e os escores da BSQ (r=0,74); correlação negativa substancial entre os escores da BES e os escores da RSES (r=-0,62) e; correlação negativa substancial entre os escores da BSQ e os escores da RSES (r=-0,54). As mulheres que apresentaram compulsão alimentar grave, de acordo com o BES, apresentaram também maiores concordâncias para os estereótipos “ansiosas”, “emotivas”, “rejeitadas”, “sensíveis”, “vergonha de si”, “descontroladas” e menores para “atraentes” demonstrando que a discriminação está associada ao comportamento alimentar disfuncional. Dentre os benefícios esperados acreditamos que, conhecendo mais os fatores sociocognitivos relacionados à obesidade, será futuramente possível traçar metas e planos para um tratamento mais eficaz, bem como uma abordagem multidisciplinar com menos influência dos estereótipos negativos.