Introdução: O sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAAS) está relacionado a
hipertensão essencial e síndrome metabólica. Numerosos estudos vêm explorando a
interação entre os sistemas de sinalização da angiotensina 11 (Angll) e de outros
,
hormônios como a insulina e a adrenalina. Apesar de não ser considerado órgão alvo
na fisiopatologia da hipertensão e no RAAS, no fígado, Angll tem ação hemodinâmica
(resposta hipertensiva portal, RHP) e metabólica (liberação de glicose). Objetivo:
Estudar o efeito hepático de antagonistas beta-adrenérgicos e do receptor AT1 na
ação da Angll em 2 modelos de hipertensão, assim como avaliar a expressão dos
receptores de angiotensina e a fosforilação de IRS-1 em ratos hipertensos ou
submetidos a dieta com elevado teor de frutose. Métodos: A perfusão monovascular
de fígado de rato foi utilizada para avaliar o efeito dos antagonistas na ação da Angll
em dois modelos de hipertensão: genético, ratos espontaneamente hipertensos
(SHR); e farmacológico, inibição crônica da NO sintase por L-NAME. Os parâmentos
avaliados foram a RHP (cmH20.min) e a liberação de glicose (pmol.q fíg-1). A
expressão de receptores de angiotensinas, IRS-1 fosforilado e SOCS•-..3 foi avaliada
por Western Blotting em homogenato de fígado após infusão de Angll no modelo de
ingestão crônica de frutose 10% ou 30% e no SHR. A análise estatística foi realizada
utilizando ANOVA, seguida de Bonferroni (dados paramétricos) ou Kruskal-Wallis
seguido de Games-Howell (dados não paramétricos). Os resultados estão
apresentados como média±EPM. Resultados: O aumento da pressão arterial foi
confirmado no modelo farmacológico e no SHR. Em todos os grupos, a RHP induzida
por Angll foi menor na presença de losartan, mas não foi alterada pela presença de
antagonistas dos receptores beta-adrenérgicos, propranolol ou atenolol. No grupo
SHR a liberação de glicose (5,4±0,6) induzida por Angll foi menor quando comparado
ao grupo WIS (11,8±0,9; Kruskal-Wallis, P=0,015) e L-NAME (11,2±1,5), mas
normalizada na presença de propranolol (14,1±0,9) ou atenolol (16,6±2,8) (Kruskal-
Wallis, P<0,001 e P=0,035 respectivamente). Por outro lado, no grupo SHR na
presença de losartan e na sua associação com propranolol, assim como nos grupos
WIS e L-NAME na presença de propranolol ou atenolol a quantidade de glicose
liberada foi semelhante ao respectivo controle. Em outra série de experimentos, foi
observado que a ingestão crônica de frutose (10% ou 30%) não alterou a pressão
xix
sistólica caudal e a curva de crescimento dos animais, entretanto foi observado
esteatose hepática e aumento do teor de glicogênio. Frutose (10%) aumentou
trigliceridemia, enquanto 30% aumentou glicemia e insulinemia de jejum. A expressão
dos receptores de angiotensina foi semelhante nos grupos WIS, F-10 e F-30 e SHR,
após perfusão na ausência ou presença de Angll. Para estudar uma possível
interação entre as vias de sinalização da Angll e da insulina a expressão proteica de
IRS-1 fosforilado foi avaliada e encontrados apenas indícios de fosforilação nos
resíduos de serina 308 e 312. A infusão de Angll não alterou a expressão de SOCS-
3 nos 4 grupos estudados. Conclusão: Nossos resultados sugerem interação entre o
RAAS e o sistema adrenérgico no fígado de animais espontaneamente hipertensos; a
ingestão de elevado teor de frutose não promove alterações no RAAS hepatico