A Medicina Veterinária na modalidade esportiva equina vem ganhando grande espaço devido
a maior utilização destes animais em diversos esportes equestres. A vaquejada é um esporte
muito popular e difundida no Nordeste do país, sendo raros os estudos sobre os efeitos das
provas de vaquejada nos equinos. O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito do exercício de
um ciclo da prova de vaquejada, composta por um conjunto de três corridas, no perfil
bioquímico de equinos de puxada. Foram utilizados 14 equinos, da raça Quarto de Milha, 11
machos e 3 fêmeas. Os animais foram divididos em dois grupos, o grupo local (GL) formado
por animais que competem esporadicamente na região da prova e outro grupo transportado
(GT), formado por animais que competem de modo regular e foram submetidos ao transporte.
Foi realizada a avaliação dos parâmetros fisiológicos como frequência cardíaca (FC),
frequência respiratória (FR) e temperatura retal (TR) e coletas de sangue para análises
laboratoriais nos momentos: basal, com o animal em repouso (M0); logo após um ciclo de três
corridas (M1); 30 minutos (M2) e, 120 minutos após o ciclo de três corridas (M3). As análises
bioquímicas incluíram a dosagem sérica de: ácido úrico, proteína total, albumina, creatina
quinase, lactato desidrogenase, ferro e capacidade latente de ligação do ferro (CLLF) e
plasmática de: lactato, glicose, magnésio e aspartato aminotransferase. Foram calculados a
capacidade total de ligação do ferro (CTLF), o índice de saturação da transferrina (IST) e
concentração estimada de transferrina. Foi realizado o teste de Wilcoxon – Mann Whitney para
verificar diferenças entre os animais do GL e GT, e o teste de Friedman com comparação
múltipla de Kruskal Wallis para verificar diferenças entre os momentos, com nível de
significância de 5%. Houve aumento significativo (p<0,05) no M1 em relação ao M0 para a FC
e FR no GT e TR no GL, sem diferença estatística entre grupos. O exercício promoveu
alterações na maior parte dos parâmetros bioquímicos, verificadas pela comparação dos
momentos pós-exercício com o M0, que foi significativa (p<0,05) apenas para o ácido úrico
(M1), albumina (M2) e lactato (M2) ambos do GT. O efeito metabólico do exercício de
vaquejada mostrou-se diferente entre os grupos (p<0,05), no M0 para as variáveis: ácido úrico,
albumina, CLLF, IST e proteína total, no M1 para a CLLF, IST e glicose, no M2 apenas para
IST e no M3 para glicose. Conclui-se que as alterações dos parâmetros fisiológicos e
bioquímicos induzidas pelo exercício de um ciclo de três corridas da vaquejada são discretas,
transitórias e ocorrem dentro do intervalo de normalidade para a espécie. Equinos competidores
profissionais que deslocam-se por mais de 400 km para participarem das competições
apresentam alterações mais expressivas que equinos competidores esporádicos que participam
de vaquejadas na sua região.