ARTIGO 1: Objetivou-se desenvolver e adequar técnicas capazes de estimar a ingestão e proporção de gramíneas e leguminosas na dieta de bovinos com análise nas fezes por meio do NIRS e abundância do carbono 13. Foram realizados dois experimentos com novilhas da raça Tabapuãconfinadas e dispostas em quadrados latinos 4 x 4, com quatro dietas e quatro novilhas, em cada experimento. No primeiro experimento, as dietas tiveram a seguinte composição: 100% Brachiaria brizantha (cv. Marandu); 66,7% B. brizantha + 33,3% Arachis pintoi (cv. Belomonte); 33,3% B. brizantha + 66,7% A. pintoi; e 100% A. pintoi. No outro experimento, a seguinte dieta foi utilizada: 100% Cynodondactylon (cv. Coast-cross); 66,7% C.dactylon + 33,3% Medicago sativa (cv. Crioula); 33,3% C.dactylon + 66,7% M. sativa; e 100% M. sativa. O período experimental foi de 15 dias, sendo 10 dias de adaptação a dieta e 5 dias de coleta. A dieta foi fornecida duas vezes ao dia (8 e 17 h), e as sobras recolhidas diariamente. Para obtenção das fibras indigestíveis, os fenos e as fezes foram incubados e tratados com solução de detergente neutro (FDNi) ou ácido (FDAi). Foi determinado a abundância isotópica 13C nas fezes secas e moídas (FSM), FDNi e FDAi das fezes. O consumo de matéria seca (CMS) e composição botânica da dieta foram estimados atravésdo FDNi e FDAi nas fezes e pela técnica da digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) dos fenos. As comparações entre os valores observados e estimados da composição botânica foram realizadas em função do quadrado médio do erro da predição (QMEP) e da partição das fontes de variação do QMEP. Para as análises do espectro NIR, somente a FDNi e FDAi das fezes foram avaliadas. Após o tratamento dos espectros, foram realizadas análises dos componentes principais (PCA), calibração de modelos, validação cruzada completa (leave one out) e validação externa (test set). Foram utilizados modelos de identidade (Y = β0 + β1.x; com as hipóteses conjuntas: H0:β0 = 0 e H0:β1 = 1) para validação dos modelos. As análises foram realizadas por meio do procedimento REG do SAS®. A FDNi e FDAi da dieta ingerida não foi diferente da excretada nas fezes. O CMS total observado não diferiu do estimado por meio das técnicas de FDNi, FDAi e DIVMS dos fenos de gramíneas e leguminosas. Em função do QMEP, as fibras indigestíveis apresentaram melhores predições que a DIVMS para estimar a composição botânica em dietas de gramíneas e leguminosas. O modelo matemático de suavização no espectro NIR na FDNi das fezes de dietas com Brachiaria e amendoim forrageiro, e, o autoscale no espectro NIR na FDNi das fezes de dietas com Coast-cross e alfafa foram capazes de predizer a proporção de gramíneas e leguminosas nas fezes. Pode-se concluir que pela análise do isótopo 13C na FDNi das fezes, é possível estimar a composição botânica da dieta ingerida em pastagens consorciadas entre gramíneas e leguminosas. O espectro NIR é capaz de predizer com eficiência a composição botânica das fezes de bovinos. *************** ARTIGO 2: O uso de gramíneas em consórcio com amendoim forrageiro (Arachis pintoi) em pastagens é crescente e promissor, poisessa leguminosa forrageira possui hábito de crescimento estolonífero e tolera maiores intensidades de desfolhação. No entanto, poucos estudos são disponíveis sobre sua simbiose com bactérias fixadoras de N2. Objetivou-se avaliar a diversidade fenotípica e genética, e a eficiência de estirpes de bactérias isoladas de nódulos de Arachis pintoi estabelecidos em áreas de pastagens consorciadas com gramíneas. Nódulos de raízes da leguminosa forrageira A. pintoi, cultivares Mandobi e Belomonte foram coletados em Itabela-BA e Lavras-MG. As áreas de coletas possuíram características físicas e químicas contrastantes. Foram amostradas 10 plantas coletando-se cinco nódulos por planta. Posteriormente, os nódulos foram hidratados por 30 min em água destilada esterilizada, seguido de desinfestação superficial por 30 s em álcool, 3 min em H2O2 (10%) e lavados seis vezes em água destilada esterilizada. Os nódulos foram macerados em placas com meio 79 e incubadas a 28 ºC até o aparecimento das colônias. As colônias foram repicadas até obtenção de cultura pura. Foi realizado a análise das características culturais (tempo de crescimento e alteração do pH do meio de cultura) das estirpes, o sequenciamento parcial do gene 16S rRNA e avaliação da capacidade simbiótica em plantas de A. pintoi. A capacidade simbiótica foi avaliada em experimento em casa de vegetação com garrafas long neck (500 mL), preenchidas com solução nutritiva, em condições axênicas, em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. Foi realizado avaliação da eficiência simbiótica das estirpes em A. pintoi cv. Mandobiem tubetes de polipropileno contendo uma mistura de areia e vermiculita. Os resultados de cada experimento foram submetidos ao teste de normalidade e análise de variância utilizando o software SISVAR. As médias dos tratamentos foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade. Foram obtidas 76 estirpes bacterianas a partir do isolamento dos nódulos do amendoim forrageiro, sendo 40 de Itabela-BA e 36 de Lavras-MG.No experimento com as estirpes de Itabela-BA, 17 apresentaram nodulação e, no experimento com as estirpes de Lavras-MG, 14. O sequenciamento parcial do gene 16S rRNA foi obtido para 50 estirpes, 31 da Bahia e 19 de Minas Gerais. As estirpes de nódulos de amendoim forrageiro de áreas de pastagem de Itabela-BA foram identificadas nos seguintes gêneros: Bradyrhizobium (22), Rhizobium (5), Burkholderia (2), Kocuria (1) e Paenibacillus (1). As estirpes oriundas de solos de Lavras-MG foram identificadas nos gêneros: Bradyrhizobium (13), Rhizobium (2), Burkholderia (2), Mucilaginibacter (1) e Enterobacter (1). Foram identificadas 24 estirpes nativas com capacidade de nodulação no amendoim forrageiro. As estirpes 05-153, 05-163, 05-98 e 05-133 mostraram-se promissoras e com potencial para realizar um processo de simbiose mais eficiente entre a planta e a bactéria. O amendoim forrageiro é capaz de nodular somente em simbiose com algumas estirpes do gênero Bradyrhizobium e algumas estirpes nativas isoladas foram mais eficientes em nodular o amendoim forrageiro que as estirpes atualmente aprovadas como inoculante.