Introdução: A perda da visão é um dos mais sérios infortúnios que podem suceder
a uma pessoa, pois acarreta consequências adversas em nível individual e coletivo.
Entretanto, as dificuldades econômicas relacionadas a transporte, disponibilidade de
acompanhante, perda do dia de trabalho, bem como a inexistência de assistência
especializada podem representar uma barreira de acesso à assistência e levar ao
atraso no tratamento. Estudos podem contribuir para demonstrar as dificuldades
enfrentadas e assim trazer informações para o aprimoramento do atendimento dos
pacientes aos serviços especializados. Objetivo: O objetivo deste estudo foi
elaborar e aplicar um questionário para a avaliação do perfil sócio-financeiro no
atendimento oftalmológico assim como as principais dificuldades enfrentadas pelos
pacientes, abordando tanto a adesão ao tratamento quanto a experiência com a
assistência ocular, no Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da
Universidade Federal de São Paulo. Metodologia: Um questionário estruturado com
23 perguntas foi elaborado e aplicado aos pacientes atendidos nos diferentes
ambulatórios. Foram entrevistados maiores de 18 anos, com mais de 3 meses de
tratamento, no período de março a agosto de 2016. As questões foram agrupadas
segundo as características sócio-demográficas, acesso e transporte ao local de
assistência ocular, gastos realizados com assistência ocular, aquisição de
medicamentos para o tratamento ocular e adesão ao tratamento, satisfação quanto
ao atendimento oftalmológico recebido. Resultados: Foram entrevistados 211
respondentes, a idade variou de 18 a 87 anos (média: 54±18), sendo 48,3% homens
e 51,7% mulheres. Do total, 88,6% tinham renda familiar menor do que 2,3 salários
mínimos. Quanto ao grau de escolaridade: 11,4% não tinham ensino formal, 33,2%
tinham completado o ensino fundamental I, 13,7% tinham ensino fundamental II
completo, 32,8% tinham o ensino médio completo, 8,0% tinham ensino superior e
0,9% tinham pós-graduação. Dos entrevistados, 62% tiveram gastos com transporte,
68,7% com alimentação e 53,6% com medicamentos ou insumos. Quanto à
classificação da satisfação em relação ao atendimento médico recebido 93,8%
acharam ótimo ou bom.
Conclusão: O perfil dos pacientes desse estudo apontou uma baixa renda familiar e
baixo nível de escolaridade. As principais dificuldades enfrentadas pelos pacientes para a adesão ao tratamento estão relacionadas a inexistência de atendimento de
alta complexidade em seus municípios, gastos com transporte e alimentação e
medicamentos. O ponto positivo deste estudo foi obter a percepção sobre o
atendimento por ele recebido e ao aluno do mestrado profissional o aprendizado de
como elaborar e aplicar um questionário específico para essa finalidade. Neste
sentido também trouxe informações que mesmo diante das dificuldades enfrentadas
por um atendimento em um serviço público universitário, os pacientes declararam
estar muito satisfeitos com o atendimento oftalmológico recebido no Departamento
de Oftalmologia e Ciências Visuais da Universidade Federal de São Paulo.