Objetivo: Descrever os caminhos percorridos pelo portador da Síndrome do Olho Seco em busca da atenção integral do cuidado na saúde pelo Sistema Único de Saúde. O objeto de estudo foi construído a partir da contextualização do agravo no cenário mundial, inclusive no Brasil, do entendimento da doença como problema de saúde pública, bem como sob o ponto de vista da integralidade sistêmica, passando pelas políticas públicas, e da atenção integral do cuidado individual na saúde, incluindo os aspectos psicossociais. Método: Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa e de caráter exploratório que envolveu duas etapas: a teórico-conceitual e a empírica. Na primeira, foram utilizados trabalhos que abordam a temática deste estudo, incluindo uma pesquisa bibliográfica correspondente ao período de 2011-2015. Na segunda etapa, as ferramentas utilizadas foram: a realização de grupos focais e entrevistas semiestruturadas, e como suporte, o diário de campo. Os grupos focais, com a participação de usuários do Ambulatório de Doenças Externas e Córnea, portadores da Síndrome do Olho Seco, no intuito de conhecer os caminhos percorridos na busca por um cuidado integral. A “amostra” final para a análise constituiu-se de 14 participantes. As entrevistas semiestruturadas com gestores do Departamento de Oftalmologia para conhecer a dinâmica de funcionamento dos serviços, incluindo a da assistência psicossocial, e o médico oftalmologista, no que tange a assistência ao portador da Síndrome do Olho Seco pelo serviço estudado. O diário de campo foi o instrumento utilizado para o registro sobre o reconhecimento do cenário da pesquisa, bem como outros acontecimentos no decorrer do estudo, inclusive durante os grupos focais e entrevistas semiestruturadas. Este estudo foi realizado num serviço universitário ligado ao Departamento de Oftalmologia de uma Escola Médica vinculada a uma Universidade Federal. Resultados: quanto à análise da empiria, pode-se afirmar que o cuidado em saúde ao portador da Síndrome do Olho Seco está aquém do princípio da integralidade. Tanto na gestão, quanto no cuidado, o Sistema Único de Saúde apresenta lacunas que incidem sobre a qualidade de vida do portador do agravo. Considerações: Por fim, este estudo propõe algumas ações que visam tornar o SUS mais acessível ao portador da Síndrome do Olho Seco, inclusive sugerindo a aproximação do Departamento de Oftalmologia com a rede básica, a integração entre os serviços de psicologia/psicoterapia, de assistência social e de oftalmologia clínico-cirúrgica, e, no serviço estudado, o incentivo para a formação de grupo de apoio com portadores do agravo em parceria com a Associação dos Portadores de Olho Seco, entidade tida como porta-voz dos portadores desse agravo para a população brasileira, por meio de ações que realiza.