Durante a adolescência, o sistema nervoso está em modificação e os receptores dopaminérgicos D1 e D2, os quais são importantes na modulação dos comportamentos motivados, são altamente expressos. Sabe-se que eventos estressantes e recompensadores são fatores capazes de ativar as vias dopaminérgicas e que essas ativações podem ter consequências em longo prazo. Diante disso, o presente projeto avaliou se o aumento da transmissão dopaminérgica mesolímbica durante o período da adolescência causaria danos no comportamento sexual de ratos na vida adulta. Para isso, ratos machos Wistar foram distribuídos em 6 grupos de acordo com a exposição a estímulos naturais ou farmacológicos. Os grupos controle (CTRL, sem manipulação), restrição de sono (RS, 18 horas por 21 dias) e comportamento sexual (CS) constituíram o grupo estímulos naturais; enquanto os grupos controle salina (CTRL SAL, 1 mL/kg), cocaína (COC, 15 mg/kg) e apomorfina (APO, 120 μg/kg) constituíram o grupo estímulos farmacológicos. Esses protocolos ocorreram durante a fase da adolescência (35° ao 56° dia) em intervalos de 3 dias, com exceção da RS, que foi contínua. Ao atingirem a fase adulta (80 dias), os animais foram submetidos a 3 testes de comportamento sexual semanais. Por fim, foi feita a avaliação de comportamento do tipo ansioso pelo teste de campo aberto e da ativação dopaminérgica pelo teste de estereotipia. No dia seguinte, os animais foram eutanasiados por decapitação e o sangue coletado para dosagens hormonais. Os resultados mostram que dentre os grupos de estímulos naturais, no teste 3 de comportamento sexual, ocorreu aumento da latência de ejaculação e diminuição do número de ejaculações no grupo CS em relação a RS; enquanto nos testes 1 e 2 não foram observadas
diferenças significativas. Dentre os grupos de estímulos farmacológicos, no teste 1 de comportamento sexual, o grupo APO apresentou menores valores de intervalo inter-copulatório e intervalo inter-intromissão em relação ao grupo CTRL SAL. No teste 2 o grupo APO teve menor índice copulatório em relação ao seu respectivo controle. Os testes de campo aberto e de estereotipia, bem como as concentrações hormonais de testosterona total, progesterona e corticosterona não demonstraram diferenças significativas entre os grupos de estímulos farmacológicos e naturais. Os resultados indicam que o agonista dopaminérgico seletivo, apomorfina, causou discreto prejuízo do comportamento sexual, possivelmente devido a sua baixa dose administrada em grandes intervalos de tempo. Este tema mostra-se promissor para outros estudos que visam examinar o sistema mesolímbico associado ao sistema de recompensa durante diferentes fases da vida, sob outros contextos sociais e biológicos.