Introdução: A adesão ao regime terapêutico após o transplante é um fenômeno multidimensional determinado pela interação de cinco agentes, sendo estes: a equipe de saúde, o social e econômico, o tratamento, o paciente e a doença. Vários métodos, com o objetivo de detectar a não adesão em doentes transplantados têm sido sugeridos na literatura, mas não há um único método considerado eficiente. Objetivo: Mensurar a adesão aos medicamentos imunossupressores no pós-transplante renal, mediante o uso da Escala Basel Para Avaliação de Adesão a Medicamentos Imunossupressores (BAASIS). Método: Foi desenvolvido um estudo observacional e transversal de único centro. A amostra foi constituída por 156 pacientes pediátricos do pós-transplante renal, que tinham no mínimo quatro semanas completas em casa após alta hospitalar. Foram avaliados por meio do instrumento BAASIS: a ingestão de drogas prescritas; dias utilizados de dose correta; horário-dentro de 25% do horário prescrito; pausa da medicação; tempo de ingestão excedente de 24 horas; alterações de dose por conta própria, complexidade das doses prescritas, percepção do paciente frente ao tratamento, nível de creatinina e registro de internação por rejeição aguda celular comprovada por biópsia.
Resultados: Observou-se 66,7% de adesão aos medicamentos imunossupressores e não adesão de 33,3%. Na presença de um cuidador, a adesão foi de 68,2% e, na ausência deste, a adesão diminuiu para 25%. Notou-se: predominância de meninos 60,9% (p=0,0081), diferença de médias de creatinina por sexo (p=0,044), tipo de tratamento – Hemodiálise (p=0,010) e Conservador (p=0,035), procedimento cirúrgico (p=0,004), tipo de transplante (p<0,001) e internação por rejeição aguda celular (p=0,005). Conclusões: A realização desse estudo possibilitou identificar algumas especificidades da população pediátrica do pós-transplante renal quanto à não adesão medicamentosa e mostrou que quanto maior a não adesão medicamentosa, pior é a percepção de adesão dos pais e/ou responsável e do paciente. Os achados conduziram-nos a entender que é necessário revisar a adesão medicamentosa, a existência de barreiras de adesão e a importância da presença de um cuidador. Sendo assim, é preciso monitorar a adesão e suas barreiras, visando à elaboração de estratégias posteriores com foco em ações educativas que promovam o autocuidado e o apoio à adesão, pois são essenciais para a adesão medicamentosa efetiva no pós-transplante renal pediátrico, alterando por consequência os resultados e melhorando a sobrevida dos pacientes.