A realização de manejos das pescarias de holothurias é dependente de informações mais
consistentes como crescimento e movimento dos pepinos do mar. Contudo, ainda existe uma
lacuna, a ausência de uma metodologia que permita a marcação de pepinos do mar auxiliando
assim estudos de captura e recaptura, que podem prover uma chave de informações biológicas
importantes. A dificuldade na marcação de pepinos do mar está atribuída a elasticidade do
corpo, a falta de estruturas rígidas, a alta probabilidade de expulsão do marcador e as
ocorrências comuns de infecção e necrose ao redor da área de aplicação. De ante deste
cenário, o presente estudo teve como objetivo testar uma metodologia de marcação, utilizando
eugenol como anestésico durante o processo de aplicação de microchips em pepinos do mar
da espécie Holothuria grisea, a fim de verificar a capacidade de retenção. Um total de 100
pepinos do mar da espécie H. grisea foram coletados em Bitupitá, CE e transportados até o
Centro de Biotecnologia em Aquicultura (CEBIAQUA). Os animais foram postos em um
Sistema de Recirculação de Água (SRA) e mantidos em quarentena até a realização dos
experimentos. Experimento 1: Os animais foram divididos em dois tratamentos. Tratamento
sem anestesia (n=20): animais marcados com microchip sem utilização de anestésico;
Tratamento com anestesia (n=20): animais anestesiados e marcados com microchip. Para
realização da marcação, foram utilizados microchips de 1,2 cm inseridos, com o auxílio de um
aplicador, próximo a região oral do pepino do mar. O processo de implante do microchip foi
acompanhado utilizando um aparelho ultrassom Logic E GE, com sonda linear de 8 a 13 mhz
para evitar a inserção do microchip no intestino. Após a aplicação, os animais foram postos
em observação durante seis horas, para verificação de retenção dos microchips, e após este
período os animais foram observados por sete dias, para a contabilização das expulsões
corporais dos microchips. Para o segundo experimento, conduzido para verificar a
movimentação do microchip dentro do corpo do animal, dois grupos de pepinos do mar,
tratamento sem anestesia e tratamento com anestesia, foram dispostos em uma placa de raio –
X e monitorados a cada 10 min durante 120 min utilizando um aparelho de X com KVP/ME
65, com filtro para vasos torácicos e tempo de exposição de 10 segundos. A cada 10 minutos,
foram tiradas imagens e com o auxílio do software Directiview DR®, essas foram
processadas e analisadas. No experimento 1, o tratamento sem anestesia liberou os microchips
em 2.448 min (+ 1.298,52), enquanto o tratamento com anestesia levou 6.372 min (+
3.544,82), havendo diferença estatística entre os mesmos. Foi possível observar que a
velocidade média dos microchips nos animais anestesiados foi de 0,0708 mm/min (+ 0,0095),
já no tratamento sem anestesia foi obtido uma velocidade média de 0,0633 mm/min (+
0,0131). Apesar das velocidades serem semelhantes, foram detectadas diferenças na distância
percorrida pelo microchip dentro do corpo do pepino do mar. Os microchips percorreram
73,7% do corpo dos pepinos do mar em 120 min no tratamento sem uso de anestésico,
enquanto no tratamento com anestésico percorreu apenas 57,81% no mesmo intervalo de
tempo. No entanto a presente metodologia se mostra mais eficiente quando utilizada para
pesquisas de curto intervalo de tempo, visto que após 07 dias os microchips são expulsos do
corpo do animal.