Introdução: A mineração de agregados é um dos mais importantes setores na cadeia da
construção e também o mais agressivo à saúde do trabalhador. Entre os anos de 2008 a 2012,
no setor nacional das indústrias extrativas ocorreram 32.584 acidentes, e a subclasse extração
de pedra/areia/argila totalizou 8.048 ocorrências, o que representa 24% dos acidentes
registrados neste período, onde a extração de areia/pedra/argila, superou em número de
acidentes toda a indústria de produção mineral do País.
Objetivos: Descrever os processos da mineração de produção de pedra britada, identificando os
perigos inerentes às atividades de extração, que prejudicam as atividades de produção e avaliar
o sistema de gestão de segurança e saúde do trabalhador implantado para prevenção de
acidentes no trabalho, em nove unidades de produção de pedra britada, propriedade de dois
grupos privados. Contribuir para uma visão crítica da segurança comportamental e para os
desafios de renovação das práticas de segurança e saúde no trabalho, nas empresas do setor.
Método: Foram utilizados como referencial teórico os pressupostos da Ergonomia e Avaliação
de Riscos e para a realização deste estudo foi realizada análise exploratória não estruturada, não
participante e individual, com frequência de observação ocasional, decompondo
qualitativamente o panorama da prevenção de acidentes, com enfoque qualitativo, verificando
o objeto de estudo na realidade.
Resultados e discussão: Ausência de leiras de proteção nas vias de acesso e áreas de manobra
dentro da mineração, caminhão com sistema de freio ineficiente e com inúmeros dispositivos
elétricos inoperantes. Ferramentas de gestão como checklist, procedimento operacional padrão,
elaborados em formatos deficientes foram encontrados. Condições estas que podem contribuir
para a ocorrência de acidentes neste setor. Os mesmos perigos e riscos, comuns nas diversas
atividades laborais, são tratados de formas diferentes tanto entre as unidades do mesmo grupo
como também de grupo para grupo confirmando a falta de integração e interação entre os vários
setores da empresa – denominados “produção”, “manutenção”, “compras”, “segurança no
trabalho”, “recursos humanos” e “direção”, ficando assim o setor de segurança no trabalho
como o único responsável pela implantação do programa de prevenção. Esta é uma visão
reducionista, equivocada e antiquada, que não contribui em nada para as empresas. As ações
implantadas por todos estes setores, dentro do contexto empresarial, estão em um formato
individual, no qual cada setor atua pensando apenas na sua área de responsabilidade, deixando
de lado uma grande oportunidade de ganho nos campos da segurança e saúde do trabalhador e
financeiro. Uma visão e atuação sistêmica entre todos estes setores, fortalecendo a gestão em
segurança no trabalho, pode reverter este contexto.