O Ensino de Programação de Computadores se posiciona hoje como uma tendência global para a Educação Básica. Países como EUA, Inglaterra, Finlândia e Austrália já o incluíram em seus currículos escolares, devido aos benefícios apontados por pesquisas acadêmicas para esta prática pedagógica. A epistemologia construcionista, na qual este tipo de ensino tem sua fundamentação teórica, está alinhada aos anseios de uma cidadania global e de uma ecologia cognitiva, impulsionadas pela Cibercultura, que tem alterado as formas de vida em uma sociedade do conhecimento e conectada em rede. Partindo de estudos mais aprofundados na literatura e em artigos da área de ensino, identificou-se que apesar da Programação de Computadores ser uma tecnologia inovadora, será essencial uma abordagem pedagógica capaz de potencializar uma postura ativa, criativa e colaborativa do aluno. Neste contexto, este trabalho se propôs a investigar quais são as metodologias pedagógicas aplicadas ao ensino de Programação no Brasil e se as estratégias encontradas pela pesquisa estão procurando ampliar as competências necessárias para um protagonismo discente. Realizou-se então, uma pesquisa nos artigos publicados em periódicos qualificados pela CAPES, abarcando um recorte temporal de 20 anos, desde o surgimento do ProInfo. A metodologia empregada para alcançar os objetivos desejados foi uma análise de conteúdo, baseada nas especificações de Bardin, além de ter sido usado um software de análise textual como apoio para interpretar e realçar as narrativas dos professores-autores. Após análise e confrontação com a fundamentação teórica, os resultados apresentaram uma mudança significativa nas abordagens aplicadas pelos professores brasileiros, revelando a existência de metodologias ativas em 81% dos casos. Entre as tecnologias mais utilizadas estão o LOGO, Scratch e Arduino, caminhando também para um crescimento das plataformas web e da gamificação no ensino de Programação. As metodologias encontradas são bastante diversificadas, destacando-se a Aprendizagem Baseada em Problemas (30%) e a Aprendizagem por Projetos (13%). Outras estratégias, como a Aprendizagem Colaborativa e Experiencial estão ganhando cada vez mais espaço nos laboratórios de informática, justamente por apresentarem uma consonância com as competências do século XXI, sumarizadas pela UNESCO como Saber: Ser, Conviver, Fazer e Conhecer. As competências sinalizadas nos artigos demonstram maior preocupação com o Saber Fazer ou Fluência Digital (59%), mas convergem para uma unificação com os princípios de colaboração e cooperação, ressaltados pelas práticas de Programação em Pares. A criatividade, a autonomia e a colaboração, ou tríade CAC, aparecem na maioria dos artigos como objetivos pedagógicos. Poucos são os artigos que apresentam os quatro pilares educativos da sociedade contemporânea (6%), e cujos textos enfatizam uma educação interdisciplinar e promotora de uma visão sistêmica dos saberes. Sendo assim, conclui-se que o Ensino de Programação de Computadores no Brasil, apesar de concentrar-se de forma mais consistente nas regiões sul, sudeste e nordeste e de partir de iniciativas isoladas de docentes, busca crescer em outras regiões e acompanhar as tendências globais de inovação e reestruturação do processo de ensino-aprendizagem, no sentido de formar pessoas criativas, empreendedoras e que sejam intervenientes de sua realidade histórica e social.