O histórico processo de degradação da Bacia Hidrográfica do Rio Doce despertou-nos um olhar crítico sobre essa região. O baixo volume hídrico que colocou em risco a captação de água para o abastecimento urbano, a ausência da cobertura vegetal e o despejo de efluentes, acentuados pelo desastre ambiental que ocorreu em virtude do rompimento da barragem de rejeitos de mi-neração em Mariana – MG, tornou evidente a necessidade de um novo olhar para as relações entre o homem e a natureza. Por esta razão, a pesquisa objetiva investigar as contribuições da aula de campo para subsidiar os debates que enfatizam os impactos causados pelas ações an-trópicas na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, em favor da educação ambiental crítica, com vistas a intensificar a participação social nos problemas que emergem da complexa relação entre ho-mem x Rio Doce. Para a fundamentação teórica, utilizamos as contribuições de Morin, no que se refere à teoria da complexidade e a interligação dos saberes, a prática progressista e liberta-dora proposta por Freire e a aprendizagem mediada, defendida por Vygotsky. Ancorados na perspectiva crítica, discutida por Loureiro e Santos. No que se refere aos espaços não formais, utilizamos as contribuições de Jacobucci e para a educação não formal, Gohn. A pesquisa é de natureza qualitativa, do tipo estudo de caso. Para a coleta de dados, foram utilizadas as técnicas de observação participante, notas de campo, diário de bordo, fotografias, videogravação e gre-lhas de observação. Participaram da pesquisa estudantes da 2ª Série do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Honório Fraga, amparados por bolsistas do PIBID. A aula de campo foi a metodologia pedagógica utilizada, dividida em três etapas: pré-campo, campo e pós-campo. A primeira etapa constituiu-se em uma análise de conceitos científicos previamente discutidos para preparar os estudantes para as atividades do campo. Na segunda etapa, os estudantes foram direcionados para a planície aluvionar do Rio Doce, munidos de grelhas de observação para desenvolverem atividades investigativas. Estas atividades foram organizadas em um Guia Didático, configurando-se como o produto educacional. Durante o pós campo, foi proposto aos estudantes um júri simulado para que houvesse um aprofunda-mento das discussões em relação ao impactos causados pela atividade mineradora sobre aquele ambiente. A partir da análise dos resultados, que fez uso de estratégias do Discurso do Sujeito Coletivo, constatamos o caráter reflexivo da prática, tendo em vista seu fundamento social e ambiental. O excelente desempenho e, consequentemente, maior aproveitamento dos conteúdos por parte dos estudantes, permitiram uma aprendizagem crítica, pautada na formação cidadã, despertando para a necessidade de proteção do Rio Doce.