O sucesso da criopreservação de embriões bovinos é essencial para melhor aproveitamento
de embriões produzidos em excesso, para o estabelecimento de bancos de germoplasma e
para comercialização de genética. Neste estudo, foi analisada a alteração na expressão de
genes induzida pelo procedimento de vitrificação por Cryotop em blastocistos bovinos
usando lâminas de microarranjo EmbryoGENE. Embriões bovinos produzidos in vitro em
estágio de blastocisto (144 a 156 horas pós-inseminação) foram vitrificados com Cryotop e
não vitrificados (controle). Após 4 horas de cultivo, embriões que re-expandiram ou
evoluíram para o estágio de blastocisto expandido foram usados para análises do
microarranjo e para quantificação em reação de cadeia de polimerase em tempo real (qPCR).
As análises da expressão global revelaram 43 genes diferencialmente expressos em
embriões vitrificados comparados aos do grupo controle (p<0,05). Um total de 9 genes
foram validados por qPCR, dos quais o FOSL1, envolvido no processo de apoptose, mostrou
expressão diferencial (p<0,05) para ambos os métodos, estando super-expresso em
embriões vitrificados. Os resultados sugerem que a apoptose tem um papel fundamental na
resposta de embriões ao processo de vitrificação. Considerando que a resposta à vitrificação
está muito relacionada à qualidade do embrião, levantou-se a hipótese de que a seleção dos
embriões para a vitrificação poderia influenciar também a diferença na proporção
macho:fêmea, devido a velocidade de desenvolvimento e tolerância ao estresse. Por isso, na
segunda etapa deste estudo, foi avaliado o efeito de touros na cinética do desenvolvimento
embrionário e na resposta dos embriões à criopreservação. Para isso foram utilizados 5
touros e comparou-se além da produção de embriões, a resposta à criopreservação pelo
método Cryotop dos embriões produzidos. Inicialmente, embriões em estágio de blastocisto
foram vitrificados (144 a 156 horas pós-inseminação), para avaliação da criotolerância
relativa aos touros; enquanto que embriões em estágio de blastocisto expandido foram
removidos do cultivo no D6, D7 e D8, e sexados, para avaliação da cinética de
desenvolvimento. Na segunda etapa, embriões em estágio de blastocisto expandido foram
vitrificados (168 horas pós-inseminação). Todos os embriões (re-expandidos, evoluídos para
o estágio de blastocisto eclodido e degenerados), de ambos tratamentos, com 24 horas de
cultivo pós-vitrificação foram usados para sexagem. Os resultados sugerem que a escolha do
touro, apesar de não interferir na cinética de desenvolvimento embrionário (p>0,05), afeta a
produção de blastocistos e também a resposta à criopreservação (p<0,05). E ainda, que os
touros que produzem embriões mais crioresistentes nem sempre são os que produzem
maior taxa de embriões PIV. Além disso, embriões macho e fêmea têm a mesma capacidade
de resposta à vitrificação por Cryotop.