Erliquiose, Rickettsiose e Babesiose têm sido identificadas como causa crescente de morbidade e mortalidade de caninos e, em alguns países, do homem, em virtude da maior exposição a locais onde é comum a presença de carrapatos. O objetivo deste trabalho foi obter informações epidemiológicas sobre as infecções e presença dos agentes de membros Ordem Rickettsiales e agentes da Ordem Piroplasmida, que acometem cães, e seus carrapatos, da região Metropolitana da Província de Piura, por meio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), Nested-PCR, polimorfismos de restrição de fragmentos amplificados (RFLP), Sequenciamento e Analise filogenética, assim como determinar as espécies envolvidas nas infecções, e conhecer a fauna de Ixodídeos presentes nessa região. Além das amostras de sangue (216) e carrapatos (984), foram coletadas informações sobre os cães e seus proprietários como: faixa etária, sexo, presença de carrapatos, estrato socioeconômico e convivência com outros animais. Dos 984 carrapatos, apenas três espécies de carrapatos foram identificadas, Riphicephalus sanguineus (977), Amblyomma triste (seis) e Amblyomma tigrinum (um). Estes foram classificados morfologicamente por estádio, espécie e sexo, ficando: 67,3% (348/517) fêmeas adultas (armazenadas individualmente), 22,8% (118/517) machos adultos (armazenados em “pool” de até sete exemplares) e 9,9% (51/517) ninfas (armazenadas em “pool” de até dez exemplares do mesmo animal e da mesma espécie). Utilizando-se os iniciadores ECC/ECB, ECAN/HE3 e PLATYS/HE3, verificou-se mediante PCR e Nested-PCR, frequências de 18,5% (40/216), 52,5%(21/40), 35,0%(14/40) e 20%(8/40) para agentes da Família Anaplasmataceae, E. canis, A. platys e coinfecção entre estas duas espécies, respectivamente, no DNA extraído dos cães, ficando 32,5%(13/40) das amostras negativas, para estas duas espécies pela Nested-PCR, mas diagnosticadas como E. canis e A. platys pelo sequenciamento. Ao se considerar as variáveis de sexo (p=0,034), presença de carrapatos (p=0,0001) e estrato socioeconômico (p=0,001), verificou-se que houve associação entre os diferentes grupos e a infecção para agentes da Família Anaplasmataceae em cães. A análise filogenética, confirmou a presença das espécies Ehrlichia canis, Anaplasma platys e Ehrlichia sp., no DNA extraído dos cães. A frequência de carrapatos positivos para agentes da Família Anaplasmataceae, mediante PCR, foi 15,0% (78/517). Entretanto, apenas duas sequências resultaram em boa qualidade para análise no GenBank, identificando o agente envolvido como E. canis. Além disso, dos 216 cães avaliados e 517 "pools" de carrapatos, 1,4% (3/216) e 0%(0/517) foram positivos para Babesia sp. na PCR utilizando os iniciadores PIRO A e PIRO B. Na RFLP demonstrou-se um padrão de clivagem, em todas as amostras, compatível com B. vogeli. As sequência evidenciaram um 99% de identidade para B. vogeli. Na avaliação de agentes rickettsiais, observou-se mediante PCR e sequenciamento, uma taxa de infecção em carrapatos de 0,2% (1/517). Essa amostra foi positiva para gltA, porém, negativa para ompA, ompB e htrA. A análise filogenética mostrou que a sequência avaliada se agrupou no clado de R. felis. Demonstrando pela primeira vez, mediante técnicas moleculares a presença de agentes de membros da Ordem Rickettsiales e agentes da Ordem Piroplasmida em cães, e seus carrapatos, na Província de Piura.