A presente dissertação tem o objetivo de analisar o programa “Deu a louca na História”
(Horrible Histories) na perspectiva das pedagogias culturais. As reflexões aqui apresentadas
estão ancoradas, epistemologicamente, no campo dos Estudos Culturais e Educação, sendo
que os principais autores utilizados são Stuart Hall, Henry Giroux, Shirley Steinberg, Viviane
Camozzato, entre outros. Nas discussões sobre televisão, busco embasamento em Arlindo
Machado, David Morley, Jesús Martin-Barbero, David Buckingham, entre outros. Para
discutir a questão do humor, lanço mão das reflexões realizadas por Sírio Possenti, que
propõe uma abordagem que aproxima humor, discurso e linguagem, juntamente com uma
perspectiva histórica e cultural proposta por Jan Bremmer e Herman Roodenburg. Nas
discussões teóricas que aproximam discurso, história e eurocentrismo, busco embasamento
em Norman Fairclough, Keith Jenkins, Edward Said, entre outros. A metodologia utilizada
caracteriza-se pela pesquisa bibliográfica, de um lado, e pela análise dos quadros do programa
com base no referencial teórico definido a partir da pesquisa bibliográfica, de outro. O corpus
de análise é composto por 60 episódios da série. O principal eixo temático a partir do qual as
análises foram organizadas é a questão do eurocentrismo. As principais conclusões apontam
para a existência, no programa, de uma concepção eurocêntrica sobre a historiografia, que se
revela no modo como são representados o passado da Europa e de outros continentes, a
religião de povos não-europeus e o processo de colonização de territórios pelos europeus ao
longo dos séculos XIX e XX. Ao mesmo tempo em que o humor do programa serve ao fim do
entretenimento, também atua como uma pedagogia cultural que dissemina uma concepção
eurocêntrica sobre cultura.