REGALIN, Bruna Ditzel da Costa. Biomateriais ou enxerto de osso esponjoso como substitutos ósseos em artrodeses tarsometatarsais em ovinos. 2017. 90f. Tese (Doutorado em Ciência Animal) – Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Lages, 2017.
O objetivo do presente estudo foi comparar a capacidade osteorregenerativa induzida por biomateriais à base de fosfatos de cálcio e sílica para a fusão das superfícies ósseas em artrodeses tarsometatarsais induzidas experimentalmente em ovelhas. Foram utilizados 12 ovinos, fêmeas, mestiços texel, com 12 meses de idade, comprovadamente hígidos, alocados em três grupos distintos, de acordo com o material implantado: 80% de hidroxiapatita associada a 20% de tricálcio fosfato β (HA/TCP-β 80/20) (n=4), hidroxiapatita associada a 5% de sílica (HA/SiO2 5%) (n=4) e grupo controle (n=4), que recebeu autoenxerto de osso esponjoso. A estabilidade articular foi obtida pela colocação de uma placa de compressão dinâmica (PCD) com 10 furos, fixada com oito parafusos corticais de 3,5mm na posição lateral. Os animais foram avaliados radiograficamente no pós-operatório imediato e aos 30, 60 e 90 dias após o procedimento cirúrgico. Foi realizada a eutanásia de dois animais de cada grupo aos 60 e aos 90 dias de pós-operatório, momento em que se coletou a articulação para subsequente encaminhamento à análise histológica e à microscopia eletrônica de varredura (MEV). A avaliação macroscópica indicou fusão das superfícies ósseas em todos os animais e extensa cobertura de tecido fibroso sobre a placa e parafusos, indicando a efetividade desta técnica para artrodese tarsometatarsal em ovinos. A análise histológica e por MEV demonstrou, nos três grupos estudados, boa neoformação óssea, com presença de células de linhagem osteogênica (osteoblastos, osteócitos e osteoclastos) e tecido ósseo primário (jovem) e secundário (maduro), além de reabsorção gradativa do enxerto (biomaterial ou osso esponjoso). A presença de material remanescente foi observada nos três grupos, de maneira mais acentuada aos 60 dias, mas ainda presente aos 90 dias de pós-operatório; o grupo HA/TCP-β 80/20 apresentou a maior taxa de biomaterial remanescente do estudo. No grupo controle, um animal (25%) apresentou reação periosteal exuberante na área doadora do enxerto, demonstrando a necessidade de se encontrar materiais capazes de substituir o autoenxerto e reduzir a morbidade associada à coleta de osso esponjoso. Com base nos achados deste estudo, os compostos HA/TCP-β 80/20 e HA/SiO2 5% constituem uma boa alternativa ao uso do autoenxerto de osso esponjoso, uma vez que ambos os biomateriais pesquisados promoveram osteoindução e adequada neoformação de tecido ósseo.