A dependência de álcool e outras drogas afeta os usuários e sua família. Os familiares
encontram dificuldades no papel de cuidador e sofrem modificações em suas vidas,
podendo resultar em sobrecarga e depressão. Estas são as variáveis mais estudadas como
resultados do papel de cuidador de pacientes com outros transtornos neurológicos e
psiquiátricos. Modelos teóricos e estudos empíricos apontam que a sobrecarga contribui
para a ocorrência de sintomatologia depressiva nos cuidadores. Foram encontrados 12
estudos que investigaram essas variáveis, em familiares de dependentes de álcool e outras
drogas, dos quais oito enfocaram somente a sobrecarga, um avaliou somente a
sintomatologia depressiva e três investigaram as duas variáveis. Nenhum estudo nacional
investigou a relação entre essas variáveis. Portanto, há necessidade de aprofundar a
investigação dessa temática com essa população-alvo. Este estudo visou avaliar a
sobrecarga subjetiva e a sintomatologia depressiva e a relação entre elas, em familiares
cuidadores de dependentes de substâncias psicoativas, atendidos em um serviço de saúde
de caráter filantrópico, em uma cidade de médio porte de Minas Gerais. Foram
entrevistados 50 familiares, com as escalas BI e BDI-II e um questionário
sociodemográfico e clínico. Foram feitas análises estatísticas descritivas, univariadas e
multivariadas. Os familiares apresentaram sobrecarga média leve-a-moderada (34,80 ±
19,94), sendo que 28,0%, 36,0%, 26,0% e 10,0% classificaram-se com sobrecarga mínima
ou ausente, leve-a-moderada, moderada-a-grave e grave, respectivamente. Apresentaram
uma média de sintomatologia depressiva leve (18,00 ± 12,86), sendo que 44,0%, 16,0%,
18,0% e 22,0% classificaram-se com sintomatologia depressiva mínima ou ausente, leve,
moderada e grave, respectivamente. Foram encontradas correlações positivas
significativas entre as duas variáveis. O principal preditor dos sintomas depressivos, na
análise de regressão, foi a sobrecarga subjetiva. Outros preditores foram: baixa renda, não
viver com companheiro, avaliação negativa do relacionamento com o paciente e maior
número de comportamentos problemáticos do paciente. Estes resultados indicam a
necessidade de estratégias que diminuam o impacto do papel de cuidador dos familiares,
visando a diminuição de sua sobrecarga e sintomatologia depressiva.