As doenças dermatológicas em pequenos animais podem ser consideradas um desafio para tutores, clínicos e patologistas. O objetivo desse estudo foi a pesquisa de condições que interferem no diagnóstico das dermatopatias não neoplásicas em cães e gatos. Esse trabalho foi dividido em três partes. Na primeira e na segunda parte do trabalho foram aplicados dois questionários, o primeiro a médicos veterinários de onze cidades do estado do Paraná e o segundo a tutores de pequenos animais com doença dermatológica em um hospital veterinário. Na terceira parte do trabalho foi realizada a avaliação dos aspectos histopatológicos que possam ser utilizados para a diferenciação das dermatopatias não neoplásicas em cães e gatos, fazendo sua correlação com os achados clínicos. Na primeira etapa do trabalho foi observado que a principal dificuldade encontrada na rotina dermatológica foi comprometimento do tutor do animal (54,95%). Recidivas de até 30% foram relatadas por 40% dos clínicos. Houve predomínio de tutores de classe média nos atendimentos clínicos (56%) e a maioria dos clínicos (84%) já utilizou o exame histopatológico e espera do mesmo a obtenção de diagnóstico (73,44%) e maior rapidez para o resultado (27,91%). Como principal sugestão na obtenção do diagnóstico foi a realização de exames complementares (48,33%). Na segunda etapa do trabalho foi observado que a maioria dos tutores buscou tratamento em até um mês (54%) do início da doença, entretanto 16% aguardaram dois meses e 30%, mais de seis meses para iniciarem um tratamento. Apenas 38% dos tutores relataram melhora do animal após o tratamento. Os tutores que não realizaram o tratamento (12%) justificaram o fato principalmente devido ao tratamento ser muito caro (33,33%) e por acharem que não estava melhorando (33,33%). A maioria dos tutores (60%) relata que não foi solicitada a realização de qualquer tipo de exame complementar antes do início do tratamento. Na terceira etapa da pesquisa, 40 animais foram biopsiados, e destes 95% eram cães e 5% eram gatos. Nos exames realizados em cães, 45% eram dermatopatias alérgicas, 12,5% eram imunomediadas, 7,5% eram endócrinas e 5% eram parasitárias. Outras dermatopatias totalizaram em 10% e os casos inconclusivos chegaram a 15%. Entre os cães alérgicos 38,89% eram sem raça definida. Segundo os tutores a doença alérgica iniciou entre menos de 1 ano a 3 anos de idade (66,67%) do animal e as primeiras lesões que surgiram eram principalmente eritematosas (27,78%), formavam crostas na pele (27,78%) em região ventral (44,44%) e membros (27,78%). Apenas 44,44% dos cães alérgicos chegaram ao diagnóstico definitivo, em 27,78% pacientes foram realizados protocolos diferentes e 27,78% dos cães não retornaram a consulta clínica. Entre os animas que chegaram ao diagnóstico, 50% foram compatíveis com hipersensibilidade alimentar, 37,5% com dermatite alérgica a picada de pulga e 12,5% com dermatite de contato. O principal ponto avaliado na histopatologia dos animais alérgicos foi o padrão inflamatório. As dermatopatias imunomediadas encontradas foi o lúpus eritematoso discóide (lesão em plano nasal e dorsal do focinho) e o pênfigo foliáceo (tronco, membros, cabeça e coxim). No exame histopatológico foi visualizado infiltrado inflamatório linfoplasmocitário em faixa e pústula eosinofília, respectivamente para essas doenças. A dermatopatia endócrina encontrada foi o hipotireoidismo (alopecia e hiperpigmentação generalizada) com predomínio de folículos telogênicos no exame histopatológico. Nos animais com dermatopatia parasitária (lesões em abdome, membros, dígitos, períneo, tórax e cauda) foi observado foliculite linfoplasmocitária estruturas intrafoliculares compatíveis com Demodex sp. no exame histopatológico. As outras dermatopatias encontradas foram a alopecia por diluição de cor, furunculose interdigital, acne canina e piodermite dos calos em um mesmo animal, Acanthosis Nigricans do Dachshund e reação a corpo estranho (granuloma causado por ceratina). As doenças dos felinos foram dermatite atópica (lesões em cabeça e bilateral flanco) e criptococose cutânea (lesões em face
e base da orelha). Na histopatologia havia dermatite ulcerativa mastocitária e eosinofílica perivascular a intersticial e dermatite ulcerativa e piogranulomatosa com estruturas leveduriformes intralesionais, respectivamente. Concluímos que a dificuldade encontrada no diagnóstico das dermatopatias é por falta de padronização e/ou conhecimentos do médico veterinário e falha na comunicação entre o patologista, o clínico e o tutor do animal.