Objetivo: Compreender como adultos usuários de implante coclear enfrentam a surdez e confeccionar um modelo teórico representativo da experiência. E mais especificamente: levantar as dificuldades e necessidades decorrentes da surdez antes e após o implante coclear; conhecer as mudanças que o implante coclear acarreta na vida diária; e identificar as estratégias de enfrentamento e os elementos facilitadores desta experiência. Métodos: O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (Parecer n° 482.019). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, tendo o Interacionismo Simbólico e a Teoria Fundamentada nos Dados Straussiana como referencial teórico e metodológico, respectivamente. Participaram do estudo 16 adultos usuários de implante coclear, entre 18 e 60 anos, que usavam o dispositivo há pelo menos um ano. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semiestruturada, que abrangeu questões sobre sua trajetória desde o diagnóstico até o presente, inquirindo as mudanças causadas pela surdez e pelo implante coclear nas relações sociais, na comunicação, no sistema familiar, na vida acadêmica e/ou profissional, nos relacionamentos, no lazer, e nos projetos pessoais. Resultados: O processo de análise dos dados permitiu a construção de cinco categorias que representam essa experiência, são elas: Repercussões da surdez na vida adulta, Busca de caminhos para resolução de problemas, Elementos facilitadores no enfrentamento, Repercussões do uso do implante coclear na vida adulta, e Dificuldades após o implante coclear. Estas categorias compõem uma teoria substancial representada pelo processo: BUSCANDO RESGATAR A INDEPENDÊNCIA, A AUTONOMIA E A LIBERDADE DA VIDA ADULTA. Conclusão: A surdez impacta profundamente as experiências sociais humanas, acarretando mudanças e dificuldades que oneram o indivíduo, a família e a sociedade. No entanto, o implante coclear intervém de forma revolucionária na vida dos seus usuários, possibilitando viver com uma nova perspectiva, resgatar a autoconfiança e a autoestima, comunicar-se e interagir de modo mais eficaz, maior segurança,
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apreciar música e outros entretenimentos, retomar projetos e fazer planos para o futuro. Propiciando assim o resgate da independência da vida adulta. Apesar disso, o implantado ainda possui dificuldades e limitações, como: agilidade para interagir, reinserção no mercado de trabalho, voltar a estudar, localizar sons, preconceito e discriminação, usar o telefone, alterações no equilíbrio e presença de zumbido, custos com a manutenção do dispositivo, não ouvir em situações em que precisa estar sem o IC, ouvir música, entender entretenimentos, falta de suporte familiar, de tecnologia assistiva, e de continuidade na reabilitação de atendimento psicológico, social e de treinamento auditivo. Todas essas dificuldades precisam ser identificadas e administradas pelos profissionais que o acompanham para que possam ser superadas.