INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial (HA) é um grave problema de saúde, sendo fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças cardiovasculares. Já se sabe que exercícios aeróbios de moderada intensidade promovem efeitos benéficos para o hipertenso, sendo este tipo de exercício altamente recomendado. Por outro lado, estudos realizados mais recentes com exercícios intervalados de alta intensidade também vêm demonstrando resultados
significativos. No entanto, há poucos estudos na literatura comparando os efeitos do exercício
contínuo de moderada intensidade (ECMI) aos efeitos do exercício intervalado de alta intensidade (EIAI) e, por esse motivo, não é possível afirmar qual dessas duas opções é a melhor para o tratamento de pacientes hipertensos. OBJETIVOS: Analisar a hipotensão pós- exercício em indivíduos hipertensos submetidos ao EIAI e comparar com a hipotensão pós ECMI; verificar a segurança do EIAI para os pacientes hipertensos; analisar o comportamento da pressão arterial, duplo-produto (DP), frequência cardíaca (FC) e cansaço subjetivo em ambas as sessões de exercício físico; observar o comportamento da FC após o exercício nas duas sessões de exercício; e, avaliar a responsividade dos voluntários quanto as duas modalidades de exercício e a motivação. MÉTODOS: Vinte indivíduos com HA controlada, média de idade de 51±8 anos e massa corporal de 79±20 kg, foram submetidos a dois diferentes protocolos de exercício (ECMI e EIAI) e uma sessão controle. O ECMI foi realizado em uma intensidade à 60-70% do VO pico e teve duração de 35 minutos, enquanto o EIAI foi composto de 5 séries de 3min à 85-95% do VO pico com 2min de recuperação ativa à 50% do VO pico, e duração de 30 minutos. Ambas as sessões de exercício foram isocalóricas e durante ambas as sessões de exercício foi monitorado a PA, a FC e a percepção subjetiva de esforço (PSE). Antes do exercício a PA de repouso dos voluntários foi aferida e, após a realização das sessões, os indivíduos permaneceram no local de coleta durante 60 minutos para monitoramento da PA e da FC, que foi realizado de 10 em 10 minutos. Após
esse período os indivíduos foram submetidos ao monitoramento ambulatorial da pressão arterial (MAPA). RESULTADOS: Ambas as sessões de exercício promoveram redução da PA 1 hora após a realização do exercício, porém, o EIAI apresentou uma redução de maior magnitude em relação a PA sistólica e a PA média (p<0,02). Uma hora após o ECMI a PAS reduziu até 7mmHg e a PAD 4mmHg, já, após o EIAI a PAS apresentou reduções de até 11mmHg e a PAD 7mmHg. Em relação ao comportamento da PA ambulatorial 24h pós- exercício não foram encontradas diferenças significativas em relação ao momento pré- exercício, assim como entre as intervenções. Nas médias da MAPA de 24h, vigília e sono
também não foram encontradas diferenças significativas em relação a sessão controle. Durante o exercício, a PA sistólica e média apresentaram valores mais altos do que no momento pré-exercício, assim como esperado, apresentando diferenças significativas entre a
sessão controle e entre ambas as sessões de exercício (p≤0,001), sendo que, o EIAI gerou maiores elevações da PA. Em relação a PA diastólica, durante o exercício não foram encontradas diferenças significativas entre as sessões nos dados brutos, assim como, entre o exercício e o momento pré-exercício. O duplo-produto e a FC também se elevaram durante o exercício, apresentando diferenças significativas entre as três sessões de intervenção, assim como, nas sessões de exercício apresentaram diferenças em relação ao momento pré-exercício(p<0,01). Após o exercício a FC também foi avaliada e constatou-se que o EIAI apresentou
diferenças significativas em todos os momentos pós-exercício em relação a sessão controle, e, entre as sessões de exercício houve diferenças significativas nos momentos 0, 10, 20, 30 e 40 minutos (p≤0,001), já, o ECMI apresentou diferenças significativas em relação a sessão controle apenas logo após o exercício e nos 10min após (p<0,02). As sessões de intervenção também apresentaram diferenças significativas em alguns momentos durante os 60min pós- exercício (p<0,05). Os voluntários desse estudo se mostraram mais motivados após o EIAI,assim como, foram mais responsivos a redução da PA após essa modalidade de exercício. CONCLUSÃO: Ambas as sessões de exercício foram capazes de promover hipotensão pós- exercício, porém, o EIAI gerou uma maior magnitude de hipotensão pós-exercício no período de 1h após o exercício. O protocolo de EIAI realizado nesse estudo foi seguro para essa população e eficiente na redução da PA pós-exercício, porém, provocou um maior estresse cardiovascular para o organismo durante a prática do exercício físico.