Após a produção do complexo enzimático lignocelulolitico a partir do crescimento de fungos da podridão branca em meio contendo feno de coast-cross durantes 12 dias foram realizados dois estudos experimentais. Sendo que, no primeiro experimento, avaliou-se a ação do complexo enzimático em material fermentado e no segundo avaliou-se a adição do complexo enzimático em fontes de alimentos ricos em fibras, simulando um pré tratamento antes de fornecer os alimentos aos animais. No primeiro ensaio avaliou-se a ação do complexo enzimático, em concentrações crescentes (0, 10, 20 e 30 mg.kg-1 MN) sobre a composição química, digestibilidade in vitro, parâmetros fermentativos in vitro e compostos antioxidantes das silagens de milho e de cana-de-açúcar. O milho e a cana-de-açúcar foram picados tratados com o complexo enzimático e acondicionado em sacos plásticos selados à vácuo. Após 60 dias os mini silos foram abertos e as amostras foram secas em estufa de ventilação forçada a 55ºC para análise dos parâmetros propostos. Houve efeito da adição das enzimas sobre as forragens avaliadas, em que, a melhor concentração foi, em média, 20 mg.kg-1 MN para a silagem de milho, e 10 mg.kg-1 MN para a silagem de cana-de-açúcar. Na silagem de milho verificou-se redução linear na concentração de lignina, redução de 27% na concentração de hemicelulose e diminuição de 6% no teor de celulose em relação ao tratamento controle. Na silagem de cana-de-açúcar verificou-se redução de 12% na concentração de lignina, redução linear no teor de hemicelulose e diminuição de 8% na concentração de celulose. Os monômeros da lignina também responderam à adição do complexo enzimático com aumentos lineares para a razão siringil:guaiacil. Estas alterações da composição química da parede celular refletiram em aumentos significativos nas concentrações dos carboidratos não fibrosos. Foi verificado aumento de 7% na DIVMS na DIVFDN e aumentos de 30% na produção de gases para ambas as silagens. Os compostos fenólicos e a capacidade antioxidante aumentaram linearmente com a adição das enzimas nas silagens, com destaque para a silagem de milho que, na concentração de 20 mg.kg-1 MN, verificou-se um aumento de 56% na capacidade antioxidante em relação ao controle. Portanto, a adição das enzimas lignoceluloliticas nas silagens ocasionou melhorias na DIVMS e DIVFDN, bem como nos parâmetros fermentativos in vitro além do efeito adicional na capacidade antioxidante. No segundo ensaio, objetivou-se avaliar o efeito da adição do complexo enzimático lignocelulolitico em alimentos ricos em fibras, com a intenção de simular um pré tratamento dos alimentos antes de fornecê-los aos animais. Foram utilizados silagem da planta inteira de milho, cana de açúcar integral, feno de coast cross e palha de arroz tratadas com o equivalente a 20 mg.kg-1 de matéria natural (MN) de um complexo enzimático lignocelulolitico. O complexo enzimático ficou em contato com as amostras moídas a 1 mm durante 30 minutos e posteriormente foram realizadas as análises químicas e os ensaios in vitro para determinação da digestibilidade da matéria seca (DIVMS) e da fibra em detergente neutro (DIVFDN). O tratamento enzimático não alterou os teores de MS, MO, PB, EE, CT e a fração B2 dos carboidratos presentes na parede celular em nenhum dos alimentos avaliados. Entretanto, em todos os alimentos, houve diminuição significativa (P< 0,05) nos teores de FDN, FDA, lignina, celulose e na fração C (indisponível) dos carboidratos. Aumentos significativos nos teores de hemicelulose, nos carboidratos não fibrosos e na fração A+B1 dos carboidratos (solúveis) foram registrados. A adição do complexo enzimático lignocelulolitico por 30 minutos sobre os alimentos aumentou a DIVMS e a DIVFDN de todas as fontes de fibras testadas. Assim, recomenda-se a utilização do complexo enzimático para melhorar a qualidade dos alimentos, tanto fermentados quanto in natura. Uma vez que houve melhorias, especialmente, na fração fibrosa, com redução significativa da lignina e aumento da digestibilidade in vitro em todos os alimentos avaliados.