A Adiponectina (APN), adipocina produzida pelo tecido adiposo e codificada por gene,
cujos polimorfismos possuem relação com a presença de doença arterial coronária (DAC),
apresenta propriedades anti-inflamatórias e anti-aterogênicas. Seus níveis séricos tem relação
inversa com a presença e complexidade da DAC. O objetivo deste estudo foi correlacionar
níveis de adiponectina total (APN) e de alto peso molecular (HMW) com a apresentação clínica
e extensão da doença coronária em pacientes submetidos a cateterismo cardíaco eletivo. No
período de março de 2008 a junho de 2010, foram incluídos 415 indivíduos submetidos a
cateterismo em dois centros terciários que prrenchiam os critérios de inclusão. Pacientes
portadores de doença renal crônica (Clearance de creatinina < 60 ml/min), inflamação ativa,
neoplasia, cirurgia de revascularização do miocárdio ou doença da tireóide foram excluídos.
Dados clínicos, bem como amostra sanguínea para dosagem de APN e HMW foram coletados.
As angiografias foram revisadas pelo pesquisador e por um terceiro observador, quando
discordantes do laudo oficial. Considerou-se estenose significativa, obstrução > 70% em artéria
epicárdica principal. Além disso, estimou-se extensão da doença pelo número de vasos
acometidos e Escore Angiográfico de Duke. Varíaveis contínuas apresentadas em média ± DP
ou mediana com intervalo interquartil. Diferenças entre grupos avaliadas pelos testes t de
Student e Mann-Whitney. Variáveis categóricas apresentadas em percentuais, cujas diferenças
foram analisadas pelo teste qui-quadrado e ANOVA. Nível de significância α < 0,05. Foram
incluídos na análise final 224 indivíduos com DAC obstrutiva, divididos em dois grupos, de
acordo com a apresentação clínica da DAC, estável ou instável. Houve predomínio do sexo
masculino (62,5%), média de idade de 59,2 + 9,84 anos. Os grupos foram semelhantes quanto
as demais características demográficas, clínicas, laboratoriais e angiográficas. Níveis séricos de
APN (9,20 + 5,88 μg/mL vs 9,47 + 6,23 μg/mL; p = 0,738) e HMW (5,31 + 3,72 μg/mL vs
5,91 + 4,16 μg/mL; p = 0,255) foram semelhantes entre os grupos com DAC estável ou instável,
respectivamente, bem como após estratificação pelo número de vasos acometidos, uniarterial
vs multiarterial (APN 9,39 + 5,76 μg/mL vs 9,26 + 6,27 μg/mL; p = 0,871 e HMW 5,29 + 3,79
μg/mL vs 5,83 + 4,04; p = 0,306) e Escore Angiográfico de Duke (APN baixo 9,42 + 5,87
μg/mL, moderado 9,65 + 6,09 μg/mL e alto 8,15 + 6,76 μg/mL, p = 0,718 / HMW baixo 5,59
+ 3,98 μg/mL, moderado 5,76 + 3,66 μg/mL e alto 5,23 + 4,36 μg/mL, p = 0,276). Desta forma,
concluiu-se que os níveis séricos de APN e HWW não possuem correlação com a apresentação
clínica e a extensão da DAC em uma população brasileira de alto risco cardiovascular, apesar
de serem significativamente menores na presença de DAC obstrutiva.