Dermatófitos são denominados os fungos filamentosos queratinofílicos e
queratinolíticos responsáveis pela dermatofitose, uma importante zoonose de ocorrência
mundial. Gatos são considerados hospedeiros naturais e potenciais carreadores de fungos
dermatofíticos, especialmente Microsporum canis, principal agente da dermatofitose em
pequenos animais e que frequentemente acomete humanos. A prevalência dos dermatófitos
em gatos sem dermatopatias apresenta variações regionais atribuídas aos aspectos
climáticos e às características associadas a cada população. Neste contexto, o objetivo do
presente estudo foi estimar a frequência de dermatófitos isolados de gatos que não
apresentavam sinais clínicos de dermatopatias na região metropolitana de Florianópolis -
SC, entre julho de 2015 e outubro de 2016. Características como sexo, idade, comprimento
do pelame, sorologia para FIV e FeLV, acesso à rua e contato com outros gatos foram
avaliadas em associação ao isolamento de dermatófitos. Amostras do pelame de 198 gatos
foram obtidas através da técnica de MacKenzie que consiste na escovação vigorosa dos
pelos, por todo corpo do animal, utilizando escova dental estéril. Cento e dez amostras
(55,6%) foram colhidas em clínicas veterinárias e 88 (44,4%) em domicílios com
numerosos gatos (11 em média). O cultivo micológico foi realizado em Sabouraud Agar
Cloranfenicol-Ciclo-hexamida (SCC) e a incubação realizada a 25-27°C, durante 21-28
dias. O diagnóstico foi baseado nas características macro e micromorfológicas do
dermatófito isolado. A frequência de dermatófitos correspondeu a 3,0% (6/198), onde
apenas o gênero Microsporumfoi observado com predomínio de M. canis(66,7%; 4/6),
seguido de M. gypseum(33,3%; 2/6). Fungos saprotróficos foram observados em 94,4%
das culturas e 5,6% das amostras não tiveram crescimento fúngico. A maior parte dos
isolados ocorreu de gatos adultos (66,7%; 4/6), fêmeas (83,3%; 5/6) e de pelame longo
(5,4%; 3/55), em comparação às amostras de pelame curto (2,1%; 3/143). Uma parcela dos
gatos (30,0%; 59/198) havia sido testada para FIV/FeLV e destes, 27,0% (16/59) eram
positivos: 22,0% para FeLV e 5,0% para FIV. Microsporum gypseum foi isolado de um
gato FeLV positivo. Dermatófitos foram isolados de gatos em contato com outros gatos
(5/165). No entanto, gatos provenientes de domicílios com alta densidade populacional não
apresentaram cultura positiva para dermatófitos, fato atribuído à intensa contaminação por
espécies saprotróficas. Na ausência de sinais clínicos, há o desafio de detectar fungos
dermatofíticos nas criações, o que ressalta a necessidade de controle entre os felinos. O
cultivo micológico é um método eficaz, econômico e deve ser indicado pelos médicos
veterinários que atuam na clínica médica, tanto no âmbito doméstico, como em abrigos
para prevenção e controle da infecção em animais e humanos.