RESUMO:
Os trabalhadores de enfermagem, em especial os que atuam em ambiente hospitalar, estão expostos
diariamente a riscos biológicos, devido ao contato frequente com sangue, secreções e demais fluidos
orgânicos. É necessário que estes trabalhadores adotem medidas de proteção, denominadas precauções
padrão, no atendimento a cada paciente. O presente estudo teve como objetivo analisar os fatores
relacionados à adesão às precauções padrão de trabalhadores de enfermagem de um Hospital
Universitário do Sul do Brasil. Caracteriza-se como estudo de método misto com estratégia de
triangulação concomitante de dados. A investigação foi realizada em um Hospital Universitário do sul
do Brasil no período de julho de 2015 a junho de 2016. A população da pesquisa foram trabalhadores
de enfermagem deste cenário - enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem - que
atuavam em unidades de atendimento ao paciente, tanto ambulatoriais como de internação. Para a
coleta de dados foram utilizados a entrevista semiestruturada e um questionário de pesquisa contendo
dois instrumentos: Instrumento de Dados Sociodemográficos e Profissionais e Instrumento de
Variáveis Relativas às Precauções Padrão. Foram entrevistados 24 trabalhadores de enfermagem, entre
eles: nove enfermeiros, 11 técnicos de enfermagem e quatro auxiliares de enfermagem. Na etapa
quantitativa, foram distribuídos 654 questionários, sendo que destes 602 foram devolvidos
preenchidos integralmente. A análise dos dados qualitativos foi realizada por meio da análise de
conteúdo proposto por Bardin, e a análise dos dados quantitativos foi realizada no programa PASW
Statistics versão 18.0. A maioria dos participantes, 519 (87,5%), era do sexo feminino e concentrou-se
na faixa etária de 31 a 40 anos, sendo 186 (31,3%) enfermeiros; 324 (54,4%) técnicos de enfermagem
e, 85 (14,3%), auxiliares de enfermagem. Os resultados obtidos no presente estudo apontaram que a
adesão às precauções padrão pelos trabalhadores de enfermagem da instituição investigada ocorre
parcialmente e sofre influência de fatores individuais, fatores relacionados ao trabalho e fatores
organizacionais. Os dados quantitativos apresentaram correlação linear positiva e significativa entre a
adesão às precauções padrão e esses fatores, o que foi corroborado com os dados qualitativos
produzidos com as entrevistas. Quanto aos fatores individuais, constatou-se que a faixa etária de 41 a
50 anos e ter recebido treinamento em PP no hospital influenciaram significativamente a adesão às
precauções padrão. Com relação aos fatores relativos ao trabalho, alguns obstáculos para seguir as PP
foram identificados, como: perda de destreza manual com a utilização de Equipamento de Proteção
Individual, o desconforto em utilizar esses equipamentos, a priorização das necessidades do paciente
em detrimento da segurança profissional, a pressa, entre outras questões. Os fatores organizacionais
também apontaram relação com a adesão dos trabalhadores, indicando algumas ações institucionais
que podem ser aprimoradas para promoção das práticas de segurança. A mudança de comportamento
dos profissionais de saúde representa um grande desafio para os órgãos governamentais, os gestores e
para os próprios trabalhadores. Sendo assim, algumas metas podem ser estipuladas para superação das
dificuldades ora verificadas. Sugere-se a realização de outras investigações de seguimento para avaliar
a evolução da adoção às práticas de segurança.