Os objetivos deste experimento foram caracterizar os padrões diários do tempo de ruminação, atividade, e produção de leite arredor do diagnostico de doenças, e determinar se a adição de dados de ruminação e atividade num programa de monitoramento de saúde de vacas de uma fazenda comercial melhora a detecção de vacas doentes e o diagnostico de doenças durante os primeiros 30 DEL. Animais Holstein (primíparas = 282, multíparas = 328) foram utilizados no experimento aproximadamente 60±3 dias antes da data esperada de parto, e foram divididos em dois grupos (Collar Monitoring-CM-, n=293; Control-C-, n=317). Dispositivos eletrônicos para o monitoramento da ruminação e atividade acoplados a colares (SCR Engineers Ltd., Netanya, Israel) foram colocados nas vacas no enrolamento e mantidos ate aproximadamente 80±3 DEL. O monitoramento de saúde das vacas e o diagnostico de doenças foram realizados pelos funcionários da fazenda seguindo a rotina do estabelecimento. Os animais dos dois grupos foram enviados para checagem de saúde baseados nos parâmetros utilizados pela fazenda. Adicionalmente, as vacas do grupo CM foram checadas baseadas na informação suprida pelos colares. A concentração de cálcio sérico foi determinada usando uma amostra de sangue coletada do dia 0 ao 4 em leite. A concentração de beta-hidroxibutirato (BHBA) foi determinada duas vezes usando amostras de sangue coletadas do dia 4 ao 12, e do 7 ao 20 do posparto. Hipocalcemia subclínica (SCHC) e cetose subclínica (SCK) foram caracterizadas como Ca <8.55 ng/dL, e BHBA >1000 µmol/L em qualquer amostra, respectivamente. Os padrões diários do tempo de ruminação (DRT), atividade (ACT), e produção de leite de vacas com doenças clinicas arredor do diagnostico mostraram diferencias comparados com vacas sadias (P <0.05). Vacas com alterações subclínicas e problemas de parto tiveram alterações nos padrões de DRT, ACT, e produção de leite arredor do parto, quando comparadas a vacas controle (P <0.05). Padrões de DRT e ACT de vacas reagrupadas se caracterizaram por diferencias com vacas não reagrupadas (P <0.05). Não foram achadas diferencias em DRT, ACT, e produção de leite entre os grupos C e CM. A sensibilidade (Se) dos colares para identificar problemas de saúde foi de 56.4% (n = 402 casos), considerando como evento positivo a ocorrência de pelo menos uma alerta baseada em ruminação e atividade dentro dos 7 dias prévios ate 2 dias apos o diagnostico de doença. A Se foi maior para vacas com mais de uma doença (75.8%) que em para vacas com uma doença somente (45.5%) (P <0.001). Não se acharam diferencias na Se geral, nem Se para vacas com uma doença somente entre grupos. Porem, a Se foi maior no grupo CM que no grupo C (P = 0.005) em vacas com mais de uma doença. A especificidade (Sp), valores da predição positiva (PPV), e valores da predição negativa (NPV) foram 74.5%, 46.4%, e 57.6%, respectivamente. A incidência de doença foi de 48%. Não houve diferencias entre grupos na incidência de doença, nem na incidência de cada doença. Entre as primíparas, o grupo CM (43.3%) teve maior incidência de doença do que o grupo C (32.1%) (P = 0.05). Embora não teve diferencia na incidência de doença entre grupos para multíparas, a incidência de metrite teve uma tendência a ser maior no grupo C do que no grupo CM (P = 0.1). A incidência de SCK e SCHC não foi diferente entre grupos. Maior percentagem de animais do grupo CM recebeu tratamento do que do grupo C (P = 0.04), e estas diferencias foram observadas em primíparas (P = 0.03), mas não em multíparas. Contudo, uma maior percentagem de animais não diagnosticados como doentes do grupo CM recebeu tratamentos de suporte, quando comparado ao grupo C. Não se acharam diferencias na taxa de descarte, taxa de serviço aos 150 DEL, taxa de concepção ao primeiro serviço, e percentagem de vacas de descarte reprodutivo entre grupos. Resumindo, os padrões de DRT e ACT de vacas doentes arredor do diagnostico de doença mostraram diferencias comparados com os de vacas sadias. O uso da informação de DRT e ACT foi capaz de identificar vacas doentes numa fazenda comercial. Os resultados sugerem que a utilização dos colares pode ser util para identificar vacas com necessidade de atenção antes da aparição de sinais clínicos visíveis, melhorando a prevenção de problemas de saúde. A utilidade da utilização do sistema pode variar de acordo a ordem de partos dos animais, doença em questão, severidade da doença e comprometimento de saúde do animal, e com a intensidade do sistema de monitoramento de saúde dos animais da fazenda. Próximas pesquisas deveriam avaliar diferentes parâmetros baseados na informação de ruminação e atividade para identificar vacas doentes, e a sua eficiência em fazendas com diferentes graus de intensidade para o monitoramento de saúde.